quinta-feira, 7 de abril de 2022

32 - APÊNDICE

 

32 – APÊNDICE

Na prática, levou trinta e sete anos para minha mãe aceitar que tudo estava em paz!... Na teoria, uns dez anos depois ela me pediu desculpas por aquele fatídico dia. Racionalmente eu compreendia e aceitava e mesmo emotivamente não tinha restrição ou animosidade, mas não poderia fingir um sentimento filial que não existia. Então combinamos que ela deveria dar aos netos toda a atenção, carinho e amor que não conseguira me dar!... E isso gerou outro problema sério, pois nem tinha netos!...



E quando ganhei os caminhos do mundo e passei a viajar entre inúmeras cidades na fronteira seca com o Paraguai, entre Mundo Novo e Bela Vista, os demais irmãos previam com certeza quando eu chegaria em visita!... Bastava abrir a geladeira e se tivesse um pudim de leite ou uma travessa de manjar de leite, logo profetizavam: “O Zezinho está para chegar”!...

Então finalmente nasceu o primeiro neto!... E depois o segundo, os gêmeos, o quinto, o sexto e finalmente meus dois filhos!... Oito netos!... Se nasceu alguma neta, só se foi por algum relacionamento extraconjugal não declarado de algum dos filhos. E pelos caminhos do destino, exceto os meus filhos, os outros seis foram praticamente criados por minha mãe!... Dela esses seis netos receberam muito carinho, amor e dedicação incondicional!... Era Deus no céu e a vó Nilza na terra!...

Exatamente por essa situação, após casar e nascerem meus dois filhos, sempre que possível eu viajava para Naviraí, para minha mãe vivenciar com os meninos o quanto fosse possível, no afã de apagar a profecia que eu nunca fiz questão que se cumprisse!... Minha esposa vez ou outra se incomodava com isso, pois minha mãe recebia mais possibilidades do que a minha sogra!...





E quando meu irmão se separou da esposa, minha mãe praticamente adotou os dois netos!... Logicamente não posso comentar sobre como eles enfrentaram a separação, mas certamente minha mãe conseguiu amenizar os impactos. Eles eram magrinhos, talvez por natureza, mas para o costume italiano, deveriam engordar mais!...

No final de agosto de 2013, quanto meus filhos estavam respectivamente com dez e oito anos, fizemos a última visita em que minha mãe pode abraçá-los e beijá-los!... E na oportunidade, encontrei os dois sobrinhos bem fortes e sadios!... Então falei para minha mãe:

– Muito bem!... Parabéns!... Cumpriu o acordo!...

Ela abriu um sorriso do tamanho do mundo!... Não cabia em si de felicidade!...



Mas na semana seguinte, início de setembro de 2013, tivemos de regressar à Naviraí!... Durante a madrugada minha mãe sentiu fortes dores no peito. De manhã foi levada a Santa Casa de Naviraí, onde ficou agonizando num banco de espera entre às sete e trinta até depois das nove horas!... Quando finalmente vieram fazer a triagem, constataram a gravidade clínica e a levaram para o Centro Médico!... Por míseros trinta minutos tentaram reanimá-la!... Ela faleceu dentro da Santa Casa por incompetência de enfermeiros que demoraram uma eternidade para fazerem a simples triagem e por negligência médica ao se permitirem iniciar o atendimento quase às dez horas!...

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Do livro: MEMÓRIAS do Menino Esquecido.

ISBN: 978-65-00-38553-3

Registro Autoral CBL - DA-2022-017822.

© Sobrinho, José Nunes Pereira. – Todos os direitos reservados, proibida a reprodução parcial, total ou cópia sem permissão prévia do Autor ou Editora.

 

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MEMÓRIAS do Menino Esquecido, por José Nunes Pereira Sobrinho - Clube de Autores 

 

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