terça-feira, 5 de março de 2013

POEMA AOS POLÍTICOS



Tenho pena de certos políticos
Escravos dos partidos
Presos às lideranças
Vítimas da própria ideologia.
Chegam de avião
Outros em conversíveis
Emplumados e engomados
Mas tento vê-los
E encontro apenas um vazio...
São manequins humanos!

Falam bem, falam muito,
Mas não dizem nada...
São plumas ao léu
Arrastados pelos ventos da ocasião.
Trazem belos sorrisos
Uns armados
Outros já desbotados
Mas nos olhos
Sempre a mesma carência
Peculiar de quem constrói castelos de areia
Aos olhos do mundo
Mantendo o interior paupérrimo!...

Pobres criaturas
Corroídas pelo tempo
Desgastadas por lutas vãs,
Por dores inúteis,
Indiferentes à massa humana!
Hábeis guerreiros de batalhas ilusórias
Destemidos nas ilusões que alimentam,
Golpeando o vento do presente
Enquanto a vida segue
Envelhecendo estes desajuizados,
Os cegos de espírito!...
 
Ah!... Tenho pena de certos políticos
Pois vivem na eminência,
Ofuscados por luzes multicores
E acabam morrendo na solidão,
No deserto da própria consciência
Onde nada plantaram de bom,
Onde escorreu as lágrimas do povo
Amargurado pelo peso das promessas,
Da indiferença humanitária,
Do descaso social,
Da falta de compreensão
E até responsabilidade!...

Tenho pena
Pois se maquiam
Quais primorosos artistas
Buscando aparentar dignidade
Importância meritória,
Tudo para iludir o povo
No crédito do voto!...

Mas que amanhã,
Diante da justiça de Deus,
Feitos crianças lamuriantes,
Rogarão a este mesmo povo
Não o voto para a cátedra do céu
Mas sim a graça simples,
Face à própria miséria interior,
Do perdão!

José Nunes Sobrinho
Naviraí - MS
Diário do Interior - 10/05/1990

REGRAS PARA BEM VOTAR



     Para haver paz e justiça, alegria e satisfação, respeito a Deus e compreensão de suas Leis, antes é preciso uma sociedade justa, bem organizada e governante digno.
     Eis o motivo de novamente escrever sobre assuntos menos espirituosos. Afinal, a vida continua e após examinar este texto, cada leitor voltará para a sua realidade diária, onde quase todos os meios de comunicação, na época oportuna, ressaltam a importância do voto, de escolher bem o governante. Ocorre que apenas isto não tem feito mudanças. O povo foi viciado por um nocivo sistema político e não consegue visualizar uma luz por entre o lodo enganoso em que está submerso.
     É preciso encontrar uma fórmula de bem caracterizar, através do filtro eleitoral, quem de fato tem condições de representar o povo.
     Para isto, podemos estabelecer regras:
     Primeiro: NÃO VOTAR EM BRANCO. O voto em branco apenas possibilita que uma minoria, sujeita a ser comprada por dinheiro, acabe elegendo um corrupto. Este tipo irá cobrar com juros anormais tudo o que gastou em campanha, desde vereador até presidente.
     Segundo: NÃO ANULAR O VOTO. Tratando-se de nações com raros líderes, o pouco a ser feito é dividir o poder, para no conjunto, tirar a dignidade suficiente. Portanto, deve-se escolher o melhor candidato ou o não tanto pior e votar.
     Terceiro: ANALISAR A FAMÍLIA DO CANDIDATO. Quem não sabe administrar uma casa nunca terá condições de governar um povo. Se não tem padrão de justiça e ética entre os seus, não respeitará o sofrimento da população; não sabe relevar, perdoar e não tem amor, portanto, nunca edifica, apenas divide e subtrai.
     Quarto: NÃO SE DEIXAR LEVAR PELA CONVERSA. A retórica é uma arte na qual todo político corrupto fez pós-graduação. Falar é uma coisa, fazer é outra. Quem escuta conversa não sabe o que se passa no coração. Aliás, quem escreve os discursos quase sempre não é o candidato. Se muito promete ou engana a si mesmo ou está menosprezando o entendimento do povo. Basta analisar os discursos políticos para encontrar as contradições. Alguém que ora fala uma coisa e depois fala outra é um aventureiro sem firmeza e sem padrão. É uma cana agitada pelos ventos da oportunidade.
     Quinto: NÃO DEIXAR DE ANALISAR A IDADE DO CANDIDATO. Quanto mais alto é o cargo disputado na hierarquia administrativa, muito mais responsabilidade exige e quanto mais pessoas dependem das decisões oriundas, diz a razão que certamente terá de ser um representante com idade compatível, seja pela experiência em administrar, seja pelo conhecimento de vida. Um administrador jovem não terá piedade, compreensão, ponderação e perspicácia para bem equacionar as decisões sem sacrificar o povo ou comprometer o desempenho da máquina administrativa. Já um administrador de idade avançada, ou será tolerante com as distorções abusivas nas manobras da máquina ou tentará domá-la a força, sucumbindo por falta de energia em seu velho corpo desgastado pelo tempo, deixando os seus eleitores nas mãos do VICE. Aliás, devemos aprender a também examinar quem é o vice-candidato.
     POR FIM, em síntese de tudo o que foi analisado, certamente a ética é a qualidade básica num bom político, pois ela fornece a honestidade e outras virtudes, que aliadas à capacidade administrativa forjam o líder ideal. 

     José Nunes Sobrinho
     Campo Grande - MS
     Diário do Interior - 10/04/1994

SENTIMENTOS



     O que é simpatia?... É uma afeição simples, de momento, nutrida pela admiração a uma outra pessoa. Uma questão de sintonia.  É o toque do olhar de duas almas amigas, há muito distanciadas e que, de repente, se reencontram. É como uma simples semente, diminuta, fácil de se perder.  Pode existir entre pessoas que nunca se viram ou conversaram. É um prelúdio à confiança, à liberdade de exprimir vontades e sentimentos. É quase gostar.
     O que é gostar?...  Se uma simpatia é uma semente, gostar é uma pequenina plantinha, frágil, germinada por atitudes comuns, agradáveis e recíprocas. É um sentimento simples, sujeito a pouca ou muita duração, afinal têm árvores que nunca crescem. Podemos facilmente controlá-lo e tal qual a plantinha, facilmente destruí-lo.
     Gostar é sentir-se bem quando uma determinada pessoa está ao nosso lado e desejar que nunca se vá, mas se for, continuar querendo bem.  É quase amor.
     Mas o que é amor?...  Se gostar é uma plantinha, o amor é uma árvore cujo tronco já não podemos quebrar ao nosso bel prazer e quando tentamos, provocamos apenas angústias que no máximo geram uma mutação.
     Na simpatia temos a liberdade de exprimir vontades e sentimentos; ao gostar, fica uma reserva, um receio de perca e algumas limitações; já no amor, quando recíproco, retorna a liberdade em amplitude total. Para o amor, nada é impossível e nenhum sacrifício é infinito.
     Na simpatia e no ato de gostar os sentimentos estão sob o domínio das pessoas. Elas conservam a individualidade na busca de satisfação, felicidade e compensação.  Mas no amor as pessoas já não procuram ser felizes, mas fazer felizes a quem amam. Amar torna-se mais importante do que receber amor. Simplesmente sente-se bem ajudando, colaborando, produzindo felicidade a uma outra pessoa.
     A simpatia morre ao menor desagrado.  O ato de gostar pode ser destruído por uma afronta, algo que fira em demasia, seja quanto a forma de pensar, agir ou sentir.  Mas o amor é impossível de ser destruído. Quando muito, pode-se reprimi-lo, deixá-lo escondido num canto do coração; mas ele estará ali, algumas vezes até fantasiado de ódio e vez ou outra, algum motivo de lembrança o trará a tona, deixando um gosto de ausência e saudade. O amor apaixonado cria uma dependência e quanto maior a resistência, mais se fortalece. Independente da distância, ele sobrevive.
     A única forma de romper a atração de um amor apaixonado é esgotar a sede da paixão inicial ao ponto de não mais haver motivos de continuar ignorando que amar não é escravizar. Geralmente isto não se consegue numa só vida.  A Paixão por erupção do amor é um fogo que quanto mais queima, mais quer queimar. Mas definitivamente, o maior sofrimento de quem ama é acreditar na morte. 

     José Nunes Sobrinho
     Naviraí - MS
     Diário do Interior - 03/04/1984

O ENCONTRO



     A vivência diária, representada pelas dificuldades, desencontros, aborrecimentos, tristezas, e, por outro lado, pelas alegrias, amizades, amores, paixões e outros fatores, produzem a movimentação em nossa vida, lembrando-nos que estamos vivos, pensamos e acima de tudo, questionamos e analisamos.
     O ato de analisar faz-nos buscar respostas para os acontecimentos; faz-nos pensar nos motivos para a vida; e assim, quando a busca é sincera, independente de religiosidade, acabamos por encontrar em Deus as explicações para todas as movimentações do universo, pois sem Ele, nada acontece. O acaso não existe. Viver sem Deus, é querer ser um vírus intruso no sistema universal. A importância de Deus em nossa vida estabelece um sentido, um ideal, mostrando um motivo para bem viver e buscar a harmonia dentro da realidade diária, nos relacionamentos comuns, apesar de quaisquer circunstâncias. Quem conhece as leis de Deus e esforça-se para segui-las, tem serenidade.  Logicamente quando falo em Leis de Deus não me refiro às tradições, conceitos, ritos, dogmas e superstições humanas. Quem entende isto, tem compreensão de cada acontecimento da vida e sabe aceitar e passar por tudo sem muito choro, sem muito riso.
     A compreensão por sua vez, estabelece o princípio de igualdade, pois de fato ninguém é melhor do que o seu próximo; a não ser, quando admite a própria insignificância perante o universo e neste caso, terá compreendido que nada é e nada sabe diante de tudo o que lhe falta. Isto é mais do que julgar ser alguma coisa, pois possibilita anular o orgulho, estabelecendo a humildade, fazendo surgir o perdão, pois se somos todos imperfeitos e iguais, como ousaremos acusar ou condenar o nosso próximo? Quem é digno de atirar a primeira pedra?...
     O perdão é o primeiro passo para a harmonia, a paz interior, a fé, a coragem de começar e recomeçar; ou seja, quem perdoa encontra o amor e atrai luz para sua vida e a luz é a força do universo. Perdoar é interromper o círculo vicioso das ações e reações, causa e efeito.
     Este encontro com a verdade não depende de religião, de classe, de cor, de posição social, de cultura ou riqueza. Deus está dentro da consciência de cada pessoa. A verdade está escrita dentro de cada ser.
     Quando a humanidade compreender estes fatos, despojar-se-á de muitos conceitos inúteis e haverá justiça e paz na terra.


     José Nunes Sobrinho
     Itaquiraí - MS
     Diário do Interior - 12/12/1993

CONFIANÇA E TRABALHO



     O trabalho está intimamente ligado à felicidade e equilíbrio das pessoas. É no trabalho que mostramos o valor do nosso caráter. Através dele, diariamente nos relacionamos com uma infinidade de pessoas e mediante circunstâncias diversas, burilamos o nosso intelecto e as emoções. Passamos quase a metade da vida física no local de trabalho e no convívio com os companheiros de serviços.
     Por outro lado, nenhum princípio de mudança, seja mental, ético ou emocional, tem fundamento e eficácia quando não há satisfação íntima, mediante a prática, no dia a dia.
     Portanto, para transformar a vida das pessoas para melhor, é preciso também modificar os padrões mentais diante do trabalho e até as formas de se administrar.
     Senão vejamos: Os conceitos tradicionalistas de administração de empresas foram bitolados pelo princípio de que o poder deveria se concentrar numa única pessoa. O herói ou mártir do sucesso.
     Entretanto, não pode haver satisfação onde não há envolvimento de cada pessoa no processo. É preciso que a administração seja de forma participativa, onde as decisões devam ser tomadas por comissões, comitês, grupos de melhorias, etc.
     É evidente que a palavra final em cada decisão ainda estará sob a tutela de um administrador central, um líder que assuma as responsabilidades, pois união não quer dizer ausência de liderança.
     Até porque, todos sofrem as consequências do sucesso ou do fracasso. Todos os funcionários de uma empresa, em graus diferentes, vivem num ambiente comum, negativo ou positivo, dependendo dos resultados obtidos. Portanto, de uma forma ou de outra, querendo ou não, todos arcam com as consequências das decisões.
     Por isso, é importante que cada funcionário de uma empresa procure conhecer o que faz, por que faz, qual a sequência lógica de sua função, o que poderia ser melhorado no processo. Fazer a empresa crescer para também receber um melhor retorno.
     Lembro-me de uma história, de domínio popular:
     Numa construção, três pedreiros trabalhavam lado a lado. Indagados sobre o que faziam, responderam:
  -  Estou assentando tijolos. - Disse o primeiro.
  -  Estou erguendo uma parede. - Falou o segundo.
  -  Estamos construindo uma igreja. - Explicou o terceiro.
     Os três trabalhavam juntos, mas a amplitude do pensamento de um divergia qualitativamente dos outros dois. Certamente o terceiro tinha uma melhor disposição para o trabalho, pois sabia que estava colaborando na concretização de um projeto. Mas e o primeiro?... Para ele, todos os dias são iguais, uma rotina constante. Nada é bom, nada satisfaz. O patrão é injusto, o salário é pouco, o governo não ajuda, nem Deus abençoa...  Qual dos três apresenta perspectivas de crescer em vida?...
     Um administrador moderno tem que ter genialidade suficiente para não temer as ideias e opiniões dos subordinados, delegando funções, formando comitês, buscando sugestões e colaboradores, liderando por suas qualidades e capacidade, não por apenas ocupar um cargo.
     Um bom funcionário deve trabalhar sem promover desunião, sem estabelecer rivalidades, nem buscar crescer pela queda dos outros. Deve ajudar os demais a subirem junto e que os superiores hierárquicos também estejam progredindo.
     Conforme diz o provérbio: "Ajuda-te e o céu te ajudará".


      José Nunes Sobrinho
     Campo Grande - MS
     Diário do Interior - 17/11/1994

segunda-feira, 4 de março de 2013

ELEIÇÕES



     Por mais sabedoria se consiga conotar as palavras, nunca atingiremos o objetivo caso o momento presente seja o alvo da reflexão.
     Na penumbra da noite, por mais perto que se esteja da saída, sempre duvidaremos quando alguém indicar-nos um caminho seguro e rápido, mas diferente do traçado original. Adianta falar de amor, esperança ou religiosidade, quantos fatores políticos provocam tantas insatisfações?...
     Justamente por isso fica difícil escrever sobre a crise social, política e governamental reinante nestes dias. Uma verdade nova não tem utilidade se as antigas sequer foram compreendidas. Mas uma certeza amarga o raciocínio das pessoas: A maior parcela de culpa recai justamente sobre as decisões políticas.
     Entretanto, torna-se importante registrar que a política é neutra e benéfica, sendo necessária dentro de qualquer sistema institucional. Por isso, concluímos que a política tem sido mal conduzida e a despeito de alguns bons, ela é dominada por espertalhões, por falsos líderes, verdadeiros mercenários que não se importam com o povo e fazem da política uma mera profissão.
     As nações têm se mostrado por sociedades sem heróis, sem líderes dispostos ao menor sacrifício pelo povo.
     Não há amor, não há respeito, nem renúncia pessoal. Impera o egoísmo e a ganância. Importa somente o dinheiro. Os povos vivem dispersos, perdidos e sem rumo, passando fome nas ruas, sofrendo amarguras dentro dos lares, padecendo em qualquer lugar sem que ninguém se importe, a não ser, por demagogia.
     Será que não existem líderes nestes Países?...
     Claro que existem. Eles estão ocultos, impedidos de demonstrarem indignação, ressaltarem a dor pela miséria do povo, pelo descaso social, pelas quiméricas ações dos governantes. Estão ocultos porque não há espaço para a dignidade, ninguém aceitaria seus valores...
     O sistema ardilosamente ofuscou a visão dos povos de tal maneira que alguns mercenários se perpetuam no poder, anulando as possibilidades de renovação.
     Acaso pensam que um homem sério iria se sujeitar aos  sistemas políticos e tentar governar?... Aliás, acaso um homem digno conseguiria lançar-se candidato?...
     É exatamente este um dos pontos cancerosos no sistema. Não adiantam novas eleições quando os candidatos são sempre os mesmos.
     Afinal, quem governa o faz para si ou em benefício da comunidade?... Se fizer para si, é mercenário. Profissional da política. Todavia, se fizer para o povo é um representante social. Alguém que deixou os seus afazeres para trabalhar para a sociedade. Esta por sua vez é uma responsabilidade de todos. Quem faz parte de uma comunidade é responsável por ela. Portanto, dentro do princípio de democracia, a cada mandato deveria haver renovação dos candidatos, com novos representantes da sociedade, pois todos são responsáveis e a cada tempo, cada um deve fazer a sua parte.
     Entretanto, nos atuais sistemas, com raras exceções, quando muda, ocorre apenas por fachada, por troca de nomes e pessoas, mas a ideologia continua a mesma, corrupta e mercenária.
     Toda eleição é a mesma coisa. Vota-se em Fulano ou Sicrano, mas ambos são profissionais. Basta examinar o passado dos mesmos e veremos que estão na política há muitos anos. Quem em sã consciência iria largar seus negócios por tantos anos para cuidar do governo, a não ser que esteja levando alguma vantagem?... Logicamente, excetuam-se os casos de líderes autênticos.
     Não é a comunidade que escolhe os candidatos. Eles são indicados pelas convenções ou sistema equivalente, onde os homens dignos, sem tradições em política, sequer conseguem passar.
     E mesmo que eles passassem, o sistema está tão viciado, que um bom candidato, por melhor administrador que seja e melhores qualidades tenha, não conseguiria enquadrar-se dentro dos malabarismos, dos sofismas e estratégias para obter os votos necessários.
     Eleição não é a forma de escolher os governantes através do voto, mas sim o mero subterfúgio de optar.


José Nunes Sobrinho
Campo Grande - MS
Diário do Interior - 27/03/1994

RELACIONAMENTOS



     O ser humano é incompleto, limitado, necessitando buscar em quem caminha ao seu lado o apoio mútuo e salutar contra a carência de luz, de paz e contra a angústia íntima que poucos conseguem detectar, quanto menos, confessar.
     Algumas pessoas encontram no fanatismo religioso este complemento, fugindo da própria realidade material, que é o reflexo de si mesmas, num êxtase platônico com Deus, mas quando a intenção e devoção realmente são sinceras e verdadeiras, termina por ensinar-lhes que a paz está justamente no amor ao próximo, bem ao lado, naquela realidade material de onde fugiram.
     Outras, por consciência social ou por religiosidade espontânea, encontram nos relacionamentos normais a oportunidade de mostrarem-se integralmente, com seus defeitos e virtudes e, aqui na terra, num grau menor e unilateral, através do relacionamento conjugal, doar-se por amor, compreensão e mesmo prazer, recebendo a retribuição em consolo e satisfação interior.
     Mas quase todas vivem perdidas nos desejos sexuais, dominadas pelo afã de receber amor sem antes amar, embriagadas do falso prazer, dopadas por drogas e bebidas, cada dia num novo relacionamento, buscando frutos que nunca plantaram, pois não é possível receber sem antes renunciar, relevar e muito compreender.
     Todo sentimento ou relacionamento sexual cria vínculos invisíveis, determinando às pessoas envolvidas responsabilidades e débitos múltiplos. O pior é que não satisfaz. A Carência interior continuará. Quem busca preencher este vazio interior através do sexo comporta-se tal qual uma pessoa faminta que apenas bebe muita água.
     Sexo é uma espada de dois gumes. Tanto pode dignificar e engrandecer um relacionamento, contribuindo para o crescimento interior de ambos, como também pode jogá-los nas mais ínfimas condições morais.
     Cada relacionamento é uma árvore plantada no jardim ou pântano da vida. Jogar sementes ao vento, é esvaziar-se de esperança, desvirtuando princípios em nome de modernidade, deixando a humanidade, tal qual está, tão empobrecida do verdadeiro amor.

José Nunes Sobrinho
Itaquiraí - MS
Diário do Interior - 29/11/1993

VIDA DE BANCÁRIO



    Jorge Alfredo era bancário há mais de dez anos. Parecia sina, mas tudo quanto tipo de pagamento, ocorria em sua agência, provocando enormes filas.
     No início ele procurou mecanismos para amenizar a situação, mostrando-se sempre atencioso e paciente; mas, com o passar dos anos, a vida bancária virou uma rotina e ele se deixou levar pelo comodismo. O pior é que passou a incorporar as demais pessoas em sua rotina, esquecido de que eram seres humanos, no mínimo, credores de um pouco de dignidade e respeito.
     Quantas vezes ele atendera clientes que apresentavam precárias condições de saúde e em nome das normas, visando acabar com o atendimento extra caixa, simplesmente determinava:
  - O senhor tem que ir à fila.
  - Mas eu não posso!... Estou doente...
  - É fila única... Rapidinho será atendido!
     O pobre coitado saía cabisbaixo para a fila, destas, tipo labirinto, que deixa a pessoa enjoada só de nela rodopiar.
     Em outros casos, depois de toda a fila, o cliente chegava ao caixa e diziam-lhe que infelizmente não havia numerário em espécie para o pagamento.
  - Eu não entendo... O cheque não está bom, é isso?...
     Jorge Alfredo se aproximava:
  - O caixa está dizendo que ora não temos o dinheiro. O Senhor fez previsão?
  - Previsão?... Eu só quero descontar o cheque...
  - Infelizmente é norma. Quantias acima de um teto mínimo têm que se fazer previsão do saque quarenta e oito horas antes!...
                                       -o-
     Pois bem. Uma bela manhã Jorge Alfredo acordou diferente. Sentia-se leve. Não tardou em perceber que em sua casa reinava o desespero. Todos choravam dizendo que ele morrera.
     Mas como?... Se ele estava ali, bem vivinho?... Por que ninguém lhe escutava?... Um verdadeiro pesadelo!...
     Em verdade, seu corpo morrera na madrugada vítima de um súbito ataque cardíaco.
     Vendo seu desespero, um outro espírito que por ali passava, orientou-o sobre sua atual situação, sugerindo-lhe buscar ajuda num posto de atendimento ali perto. E assim ele saiu rua afora.
     Para sua surpresa, ao chegar ao posto de atendimento espiritual, logo foi reconhecido.
  - Ah!... Jorge Alfredo não é?... Pois o senhor tem que entrar naquela fila ali... Explicou a recepcionista.
  - Mas como?... Fila aqui no céu?... E a organização daqui?...
  - É norma seu Jorge. Além do mais, todos aqueles que estão na fila foram bancários lá na terra. Agora estão experimentando o próprio remédio...
     Ele refletiu por uns segundos e concordou. Foi para a fila e após intermináveis minutos chegou ao guichê.
  - Não tenho nenhum registro do seu retorno. O senhor fez previsão?...
  - Mas como previsão?!... Eu morri! Como iria fazer previsão?!...
  - São as regras. - Explicou o atendente. - Se não fez previsão, terá de esperar mais quarenta e oito horas. Na terra todos se descuidam da saúde do corpo, feitos suicidas em potencial e chegam aqui antes da hora marcada. Precisamos providenciar a ficha do desencarne.
    
     Moral da história: Não somos culpados por todos os erros que ocorrem no mundo, mas fatalmente sofreremos as consequências do nosso comodismo diante deles.

José Nunes Sobrinho
Itaquiraí - MS
Diário do Interior - 14/04/1993

sábado, 2 de março de 2013

CAMINHOS DA CORRUPÇÃO

     Meu nome é Nephel.
     Obtive consciência de que existia há uns quarenta mil anos no planeta ECHINATA onde vivi até a lei de banimento dos corruptos, tiranos, desajustados, bandidos e religiosos hipócritas. Enquadrei-me neste último item.
     No período anterior ao banimento, meu planeta de origem, era muito semelhante à TERRA. Até lembro-me de um caso que me deixa muito a vontade por aqui...
     Na região de COCÁLIA, comunidade de CREMATUM, um jovem estudante do quinto ciclo precisou de ajuda no teste de Química Estrutural e foi auxiliado por um colega pelo modesto estímulo de Dez Créditos.   Um crédito era suficiente para comprar um lanche.   Por não ter tal quantia, foi solicitá-la à Genitora ­- todavia, considerando que no dia seguinte ocorreria a prova de Física Nuclear e, portanto, um novo suborno, sem falar nos gastos extras para conseguir participar das competições, tão apreciadas pelas jovens crematuenses - ele pediu Cem Créditos.
     A mãe, por sua vez, por não dispor da quantia no momento, resolveu solicitá-la ao esposo, o Governador Geral da comunidade; entretanto, também se lembrou que precisava comprar um novo vestido para o baile anual da bissolação, época em que o planeta passava a receber iluminação de ambos os sóis e por isso, requereu Dois Mil Créditos.
     O marido fez o cheque, mas recordou-se que a conta estava com excesso de limite na Casal Oficial de Depósitos e assim, convocou o Secretário Geral para providenciar um desfalque oportuno; porém foi informado que todos os meios possíveis já estavam em andamento. Face ao impasse, decidiram incorporar a Câmara Comunitária na solução do problema e já que os Eletivos da Câmara sentiam-se ofendidos diante da insignificância do último estímulo para aprovar um projeto, agora precisariam recompensá-los regiamente.
     Assim, fez-se um projeto de construção de uma ponte sobre o rio Caxará. Claro que o tal rio nem existia, mas quem iria conferir?... Todos estavam preocupados de mais com os próprios problemas para algo questionar.
     O projeto foi aprovado pela quantia de Quinhentos Mil Créditos. Acho desnecessário explicar que o substancial aumento ocorreu face às participações, inclusive, do Secretário.
     No fim, uma vez que a arrecadação da comunidade de Crematum não era suficiente, mandaram o projeto para o Câmara Governamental de Cocália, sendo aprovado pela cifra de Cinco Milhões de Créditos.
     Nesta seqüência, pelo mesmo motivo, o projeto foi repassado ao âmbito Federal de Echinata.
     Vejam a que ponto chegou aquele pequeno ato de corrupção na escola.  Quanto a quantia que o projeto recebeu na Câmara Federal eu não tenho conhecimento, pois nesta época o Conselho Intergalaxial interveio no planeta e fomos banidos para a TERRA.
     Nossa vinda revolucionou os costumes e impetrou ao planeta Terra um virtuoso avanço quanto ao aproveitamento dos recursos naturais. Dentre nós, alguns recobraram a sobriedade e há muito deixaram este planeta. Outros, entretanto, cegos de ódio, não aproveitaram à lição do exílio e alimentaram o desejo de vingança contra os Administradores da Galáxia, buscando estabelecer um domínio paralelo aqui na Terra, animados pelo fanatismo propagado pelas religiões da época. Com o tempo, seus vícios morais venceram a inocência e pureza primitiva dos legítimos habitantes e por fim, chegamos ao atual século, onde o planeta encontra-se em fase de transição...
     Os referidos, conhecidos por filhos das trevas, farão a última tentativa de dominar este planeta. Por algum tempo julgarão ter conseguido, mas a luz do Governador da Galáxia será manifesta e reinará.
     Haverá um novo exílio. As pessoas de índole má, pela própria negatividade, serão atraídas pela órbita gravitacional de um corpo celeste que se aproxima da Terra e sendo ele etéreo, não provocará impacto físico, mas levará para longe os maus...
   Novamente!...


   José Nunes Sobrinho
   Naviraí - MS
   Diário do Interior - 17/02/1988

SONETO - A VISÃO

Talvez à outra dimensão
Quem dera de ti, fugir!...
Porém, como assim agir?
Ah! Pobre de um coração...

Minha alma prestes a ruir
Perene em minha visão
Calada por emoção
Humilde pôs-se a te ouvir...

O Teu olhar em locução
Previu dores no porvir
Exortando em não falir...

Acompanhei a orientação
E extático, sem noção,
Vi a tela no céu sumir...



José Nunes Sobrinho
Naviraí - MS
Diário do Interior - 27/06/1985

A ESCRAVIDÃO NO BRASIL

     Esta semana, escutei um senhor de pele negra desabafar que o dia 13 de maio de 1888 não foi a data da libertação dos escravos negros no Brasil.  Creio que ele tinha fortes motivos para tal afirmação; entretanto, mesmo dentro de minha pele branca, sou obrigado a discordar.
     A liberdade plena não chegou na referida data, mas o dia 13 de maio foi o início.  Afinal, quem é realmente livre?...  Todos somos ainda escravos de nossos vícios, das conseqüências oriundas de nossas atitudes, de necessidades e ambições que nos obrigam a suportar as imposições das circunstâncias e até de Leis retrógradas.
     Brancos, negros, vermelhos, amarelos e até seres de outros matizes, se existirem, todos somos escravos das necessidades e dos efeitos do próprio passado. Sequer conhecemos o que seja liberdade integral e mesmo a morte, conforme sabemos, não fornece a liberdade, pois a vida continua e com ela, toda a carga de responsabilidade.
     Entretanto, seria utopia negar o racismo disfarçado que ainda impera. Os Senhores de hoje dão a liberdade de ir e vir, mas anulam os meios, ocupam os espaços, impossibilitando as condições e oportunidades para que a igualdade fique claramente demonstrada em todos os segmentos da sociedade.
     Os dominadores do pretérito alimentavam os escravos negros; os de hoje, livraram-se deste incômodo e simplesmente repassam-lhes os recursos para comprarem a própria alimentação de subsistência; acontece que incluíram quase toda a massa humana neste ardil, independente de cor da pele.
     Entendo que o dia 13 de Maio de 1888 foi a data da libertação física daquelas pessoas livres em sua terra natal, onde eram donos da própria vida e que após serem capturados por caçadores avaros, foram trazidos para o Brasil em porões imundos, agrupados e empilhados quais objetos, passando necessidades, para serem vendidos, feitos mercadorias.
     Quantas mães, pobres mães, viram seus filhos e filhas seguirem rumos desconhecidos ou mesmo perderem a vida por motivos banais?...
     Quantos casais foram separados sem qualquer compaixão?... Laços de amor eterno, simplesmente ignorados por uma mera questão de cor da pele.   Jovens desacatadas, quais objetos de prazer. Sem falar nos heróis da resistência que derramaram o sangue, muitas vezes, não por orgulho, sim por amor à liberdade. Quantos e quantas não entregaram a vida para que viesse esta liberdade, por menor que fosse?...
     Dizer que o dia 13 não foi a data da libertação é simplesmente menosprezar todo o sacrifício e sangue dos pais da raça negra no Brasil.
     Em verdade, independente de cor da pele, nós somos ainda imaturos no domínio mental e emocional e quem não sabe andar por si mesmo não pode ser livre integralmente. Temos o livre arbítrio, mas não sabemos usá-lo. Nossas escolhas são viciosas. Nossos passos seguem formando um círculo que não leva a nenhum lugar. Se pouco nós podemos, é porque duvidamos. Em tudo colocamos limites. Somos os nossos próprios carcereiros.
     Muitos anos de escravidão serão necessários para que a humanidade aprenda a ser livre. Resta o consolo de saber que as ações podem sofrer controle, mas jamais as ideias, os sonhos e a esperança.

José Nunes Sobrinho
Naviraí - MS
Diário do Interior - 14/05/1988

CAMINHOS DA EXISTÊNCIA

     A existência humana pode revestir-se de trágicos acontecimentos, crimes hediondos, dramas passionais, intrigas, traições, paixões, renúncias, amores e os extremos entre as virtudes e as imperfeições.
     Por outro lado, na longa noite do tempo, buscando a aurora sublime da perfeição, todos estes fatores ficam perdidos nas cinzas do passado, pois cada peregrino da existência leva consigo apenas os valores intelectuais e morais; ou seja, a dilatação dos horizontes mentais e o amadurecimento emocional, face à insignificância pessoal perante o universo.
     Tudo o que acontece na vida serve apenas para mexer com a mente ou com os sentimentos. Tudo passa. Família, amigos, filhos, riqueza, títulos, a vitalidade, desespero ou frieza, risos ou lágrimas. Tudo passa. Diante de cada circunstância de vida, quem aprende alguma coisa, quem desenvolve algum sentimento positivo, este sim aproveita a vida. Tudo na vida serve apenas para proporcionar-nos a oportunidade de evoluir nestes dois referidos valores. E ao pensar em tudo o que acontece, notamos o quanto nós somos tardios em assimilar as lições da vida. Ao invés de aprender pelo amor, sofremos nos caminhos da dor.
     Cada pessoa, antes de nascer, escolhe qual a modalidade de vida será melhor para lhe proporcionar as condições de evolução. Todos pedem para nascer, mesmo que seja inconscientemente. Ninguém recebe filhos aleatoriamente, sem antes ter aceitado a maternidade ou a paternidade, mesmo quando o compromisso limita-se apenas à gestação. É como se cada estilo de vida fosse o remédio apropriado para a doença daquela pessoa. Por isso, existem opções de vida para todas as necessidades. 
     Algumas apresentam um exterior mirabolante, repletas de acontecimentos e fatalidades físicas. Entretanto, outras são guiadas pela introspecção, por sentimentos e reflexões ocultas, impressões individuais que modificam a sucessão dos fatos e determinam o crescimento da consciência. São estes os gritos do silêncio a ensurdecer a razão da lógica humana e a estabelecer o ponto de equilíbrio entre a sanidade e a sabedoria, independente da situação ou imagem exterior. Afinal, a verdadeira guerra na conquista da perfeição é travada no íntimo de cada ser, num universo incomensurável chamado inconsciente. As fatalidades físicas são apenas o mais longo dos caminhos.
     Para que o ser humano seja jogado neste universo íntimo não são precisos acontecimentos ou fatos dramáticos. Pelo contrário, geralmente, basta um gesto impensado, uma palavra inoportuna, uma ação aparentemente insignificante, tal qual uma gota de água no copo transbordante e eis o protagonista mergulhado no mar da vida, indiferente às pessoas ao seu redor; pois nem todos têm a mesma habilidade nesta luta, onde o perdedor e o vitorioso se confundem, uma vez que as angústias bem assimiladas por uns, podem ser insuportáveis para outros. Ninguém pode andar pelo seu próximo. Ninguém consegue sequer transferir uma experiência de vida, pois a falta de parâmetros mentais apropriados obriga o ser humano a concretamente entender uma verdade depois de vivê-la ou sofrê-la.
     Tal qual uma cicatriz cravada na carne, mostrando que um dia aquele corpo sofreu um ferimento, cada circunstância de vida também deixa uma marca no nosso inconsciente. O universo nos devolve em reações todas as energias emocionais e mentais que emitimos. Na vida tudo é energia.
     No fim, constatamos que o homem corre muito por nada; luta sem objetivo definido, julga ter a posse de valores ilusórios e em consequência disto, emite sentimentos sem qualquer importância. Quando a humanidade compreender estes fatos, haverá tolerância, compreensão, respeito, humildade, perdão, solidariedade, amor e paz.
     Finalmente...


José Nunes Sobrinho
Itaquiraí - MS
Diário do Interior - 17/02/1994

OPORTUNIDADES

     Thomaz Édison teve uma idéia. Uma teoria. Fazer uma lâmpada incandescente para uso interno. Após a teoria, passou à prática. Mediante muita perseverança e transpiração conseguiu a lâmpada elétrica tal qual a conhecemos.
     Santos Dumont também alimentou uma teoria. Construir uma máquina dirigível que voasse. Depois de treze tentativas, obteve êxito com o famoso 14 bis.
     O mesmo aconteceu com H. Ford e o primeiro carro vendido comercialmente.
     Mas e se Édison, Dumont e Ford não tivessem perseverado, acreditado, insistido?  Será que não teríamos a lâmpada, o avião e o automóvel?...
     Pois afirmo com certeza que estes benefícios existiriam.
     A vida é feita de oportunidades positivas. Ou seja, circunstâncias - dentro da legalidade, da ética, do respeito aos direitos alheios - que possam produzir benefícios pessoais ou coletivos. Afinal, se um não faz, vem outro e realiza.
     O primeiro homem a conseguir locomover-se com um veículo motorizado foi o alemão Benz, em 1885, num carro de um cilindro e três rodas. Mas quem de fato tornou a teoria prática e popular, foi H. Ford ao aproveitar a oportunidade ao ponto de vender quinze milhões de veículos no início do século.
     Toda teoria é no princípio apenas um conceito, uma idéia, algo hipotético. Mas quando colocada em prática pode vir a transformar-se em realidade.
     Para uns, todos os dias são iguais. Para outros, cada dia é uma nova oportunidade de fazer acontecer, de refazer, de tentar, prosseguir e vencer.
     Os primeiros vivem numa eterna rotina e nunca se preocupam em promover mudanças, em evoluir. Não questionam. Rotineiramente enfrentam os mesmos problemas sem tentar solucioná-los. São parecidos às certas equipes de futebol que sempre empatam a competição, não perdem, mas jamais ganham um campeonato.
     Em suma, as teorias são importantes. Os resultados de hoje representam a comprovação das teorias de ontem. As teorias de hoje representam a realidade do amanhã.
     As oportunidades surgem. Entretanto, não tal qual um milagre. É preciso percebê-las. Descobri-las. Lapidá-las. Geralmente, são apenas teorias. Aproveitá-las depende de nós!

José Nunes Sobrinho
Campo Grande - MS
Diário do Interior - 25/04/1994

JOSÉ NUNES SOBRINHO

     Durante mais de uma década escrevi para o Jornal Diário do Interior, de Naviraí MS.
     Tudo começou após ganhar um concurso de crônicas sobre o meio ambiente, em 1984. De repente, dei-me conta de que sabia escrever poesias e crônicas! Ao menos era o que eu achava. Acreditei piamente que bastaria ter ideias e colocá-las no papel. Mesmo sem a adequada capacitação, aventurei-me pelo mundo mágico da arte de escrever e produzi inúmeros artigos, todos com a marca pessoal dos erros de regência e até concordância. Mas as pessoas gostavam. Por fim, as poesias viraram livros, em 1985, 1987 e 1992. Quanto aos artigos, viraram um livro em 1995.
     Somente em 1997 conclui um Curso Superior. Uma professora leu os meus livros e riu de meus erros...
     Fui pesquisar nos antigos livros escolares e abismado constatei que os ensinamentos não aprendidos ali estavam! Sempre nas páginas finais dos livros, de tal forma que terminavam os anos letivos e nunca eram ensinados! Regras de regência verbal e nominal, uso da voz passiva...
     Fiquei com tanta vergonha que parei de escrever.
     Mas agora, com erros ou sem erros, resolvi editar esse Blog.
     É por isso que sou grato por sua visita e leitura.

     José Nunes Sobrinho
     Campo Grande - MS.
     02/03/2013