O que é
simpatia?... É uma afeição simples, de momento, nutrida pela admiração a uma
outra pessoa. Uma questão de sintonia. É
o toque do olhar de duas almas amigas, há muito distanciadas e que, de repente,
se reencontram. É como uma simples semente, diminuta, fácil de se perder. Pode existir entre pessoas que nunca se viram
ou conversaram. É um prelúdio à confiança, à liberdade de exprimir vontades e
sentimentos. É quase gostar.
O que é
gostar?... Se uma simpatia é uma
semente, gostar é uma pequenina plantinha, frágil, germinada por atitudes
comuns, agradáveis e recíprocas. É um sentimento simples, sujeito a pouca ou
muita duração, afinal têm árvores que nunca crescem. Podemos facilmente
controlá-lo e tal qual a plantinha, facilmente destruí-lo.
Gostar é
sentir-se bem quando uma determinada pessoa está ao nosso lado e desejar que
nunca se vá, mas se for, continuar querendo bem. É quase amor.
Mas o que
é amor?... Se gostar é uma plantinha, o
amor é uma árvore cujo tronco já não podemos quebrar ao nosso bel prazer e
quando tentamos, provocamos apenas angústias que no máximo geram uma mutação.
Na
simpatia temos a liberdade de exprimir vontades e sentimentos; ao gostar, fica
uma reserva, um receio de perca e algumas limitações; já no amor, quando
recíproco, retorna a liberdade em amplitude total. Para o amor, nada é
impossível e nenhum sacrifício é infinito.
Na
simpatia e no ato de gostar os sentimentos estão sob o domínio das pessoas.
Elas conservam a individualidade na busca de satisfação, felicidade e
compensação. Mas no amor as pessoas já
não procuram ser felizes, mas fazer felizes a quem amam. Amar torna-se mais
importante do que receber amor. Simplesmente sente-se bem ajudando,
colaborando, produzindo felicidade a uma outra pessoa.
A
simpatia morre ao menor desagrado. O ato
de gostar pode ser destruído por uma afronta, algo que fira em demasia, seja
quanto a forma de pensar, agir ou sentir.
Mas o amor é impossível de ser destruído. Quando muito, pode-se
reprimi-lo, deixá-lo escondido num canto do coração; mas ele estará ali,
algumas vezes até fantasiado de ódio e vez ou outra, algum motivo de lembrança
o trará a tona, deixando um gosto de ausência e saudade. O amor apaixonado cria
uma dependência e quanto maior a resistência, mais se fortalece. Independente
da distância, ele sobrevive.
A única
forma de romper a atração de um amor apaixonado é esgotar a sede da paixão
inicial ao ponto de não mais haver motivos de continuar ignorando que amar não
é escravizar. Geralmente isto não se consegue numa só vida. A Paixão por erupção do amor é um fogo que
quanto mais queima, mais quer queimar. Mas definitivamente, o maior sofrimento
de quem ama é acreditar na morte.
José Nunes Sobrinho
Naviraí - MS
Diário do Interior - 03/04/1984
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