O ser
humano é incompleto, limitado, necessitando buscar em quem caminha ao seu lado
o apoio mútuo e salutar contra a carência de luz, de paz e contra a angústia
íntima que poucos conseguem detectar, quanto menos, confessar.
Algumas
pessoas encontram no fanatismo religioso este complemento, fugindo da própria
realidade material, que é o reflexo de si mesmas, num êxtase platônico com Deus,
mas quando a intenção e devoção realmente são sinceras e verdadeiras, termina
por ensinar-lhes que a paz está justamente no amor ao próximo, bem ao lado,
naquela realidade material de onde fugiram.
Outras,
por consciência social ou por religiosidade espontânea, encontram nos
relacionamentos normais a oportunidade de mostrarem-se integralmente, com seus
defeitos e virtudes e, aqui na terra, num grau menor e unilateral, através do
relacionamento conjugal, doar-se por amor, compreensão e mesmo prazer,
recebendo a retribuição em consolo e satisfação interior.
Mas quase
todas vivem perdidas nos desejos sexuais, dominadas pelo afã de receber amor
sem antes amar, embriagadas do falso prazer, dopadas por drogas e bebidas, cada
dia num novo relacionamento, buscando frutos que nunca plantaram, pois não é
possível receber sem antes renunciar, relevar e muito compreender.
Todo
sentimento ou relacionamento sexual cria vínculos invisíveis, determinando às
pessoas envolvidas responsabilidades e débitos múltiplos. O pior é que não
satisfaz. A Carência interior continuará. Quem busca preencher este vazio
interior através do sexo comporta-se tal qual uma pessoa faminta que apenas
bebe muita água.
Sexo é
uma espada de dois gumes. Tanto pode dignificar e engrandecer um
relacionamento, contribuindo para o crescimento interior de ambos, como também
pode jogá-los nas mais ínfimas condições morais.
Cada
relacionamento é uma árvore plantada no jardim ou pântano da vida. Jogar
sementes ao vento, é esvaziar-se de esperança, desvirtuando princípios em nome
de modernidade, deixando a humanidade, tal qual está, tão empobrecida do
verdadeiro amor.
José Nunes Sobrinho
Itaquiraí - MS
Diário do Interior - 29/11/1993
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