segunda-feira, 4 de março de 2013

RELACIONAMENTOS



     O ser humano é incompleto, limitado, necessitando buscar em quem caminha ao seu lado o apoio mútuo e salutar contra a carência de luz, de paz e contra a angústia íntima que poucos conseguem detectar, quanto menos, confessar.
     Algumas pessoas encontram no fanatismo religioso este complemento, fugindo da própria realidade material, que é o reflexo de si mesmas, num êxtase platônico com Deus, mas quando a intenção e devoção realmente são sinceras e verdadeiras, termina por ensinar-lhes que a paz está justamente no amor ao próximo, bem ao lado, naquela realidade material de onde fugiram.
     Outras, por consciência social ou por religiosidade espontânea, encontram nos relacionamentos normais a oportunidade de mostrarem-se integralmente, com seus defeitos e virtudes e, aqui na terra, num grau menor e unilateral, através do relacionamento conjugal, doar-se por amor, compreensão e mesmo prazer, recebendo a retribuição em consolo e satisfação interior.
     Mas quase todas vivem perdidas nos desejos sexuais, dominadas pelo afã de receber amor sem antes amar, embriagadas do falso prazer, dopadas por drogas e bebidas, cada dia num novo relacionamento, buscando frutos que nunca plantaram, pois não é possível receber sem antes renunciar, relevar e muito compreender.
     Todo sentimento ou relacionamento sexual cria vínculos invisíveis, determinando às pessoas envolvidas responsabilidades e débitos múltiplos. O pior é que não satisfaz. A Carência interior continuará. Quem busca preencher este vazio interior através do sexo comporta-se tal qual uma pessoa faminta que apenas bebe muita água.
     Sexo é uma espada de dois gumes. Tanto pode dignificar e engrandecer um relacionamento, contribuindo para o crescimento interior de ambos, como também pode jogá-los nas mais ínfimas condições morais.
     Cada relacionamento é uma árvore plantada no jardim ou pântano da vida. Jogar sementes ao vento, é esvaziar-se de esperança, desvirtuando princípios em nome de modernidade, deixando a humanidade, tal qual está, tão empobrecida do verdadeiro amor.

José Nunes Sobrinho
Itaquiraí - MS
Diário do Interior - 29/11/1993

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