Tenho pena de certos
políticos
Escravos dos partidos
Presos às lideranças
Vítimas da própria
ideologia.
Chegam de avião
Outros em conversíveis
Emplumados e engomados
Mas tento vê-los
E encontro apenas um
vazio...
São manequins humanos!
Falam bem, falam muito,
Mas não dizem nada...
São plumas ao léu
Arrastados pelos ventos da
ocasião.
Trazem belos sorrisos
Uns armados
Outros já desbotados
Mas nos olhos
Sempre a mesma carência
Peculiar de quem constrói
castelos de areia
Aos olhos do mundo
Mantendo o interior
paupérrimo!...
Pobres criaturas
Corroídas pelo tempo
Desgastadas por lutas vãs,
Por dores inúteis,
Indiferentes à massa humana!
Hábeis guerreiros de
batalhas ilusórias
Destemidos nas ilusões que
alimentam,
Golpeando o vento do
presente
Enquanto a vida segue
Envelhecendo estes
desajuizados,
Os cegos de espírito!...
Ah!... Tenho pena de certos
políticos
Pois vivem na eminência,
Ofuscados por luzes
multicores
E acabam morrendo na
solidão,
No deserto da própria consciência
Onde nada plantaram de bom,
Onde escorreu as lágrimas do
povo
Amargurado pelo peso das
promessas,
Da indiferença humanitária,
Do descaso social,
Da falta de compreensão
E até responsabilidade!...
Tenho pena
Pois se maquiam
Quais primorosos artistas
Buscando aparentar dignidade
Importância meritória,
Tudo para iludir o povo
No crédito do voto!...
Mas que amanhã,
Diante da justiça de Deus,
Feitos crianças lamuriantes,
Rogarão a este mesmo povo
Não o voto para a cátedra do
céu
Mas sim a graça simples,
Face à própria miséria
interior,
Do perdão!
José Nunes Sobrinho
Naviraí - MS
Diário do Interior - 10/05/1990
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