terça-feira, 5 de março de 2013

POEMA AOS POLÍTICOS



Tenho pena de certos políticos
Escravos dos partidos
Presos às lideranças
Vítimas da própria ideologia.
Chegam de avião
Outros em conversíveis
Emplumados e engomados
Mas tento vê-los
E encontro apenas um vazio...
São manequins humanos!

Falam bem, falam muito,
Mas não dizem nada...
São plumas ao léu
Arrastados pelos ventos da ocasião.
Trazem belos sorrisos
Uns armados
Outros já desbotados
Mas nos olhos
Sempre a mesma carência
Peculiar de quem constrói castelos de areia
Aos olhos do mundo
Mantendo o interior paupérrimo!...

Pobres criaturas
Corroídas pelo tempo
Desgastadas por lutas vãs,
Por dores inúteis,
Indiferentes à massa humana!
Hábeis guerreiros de batalhas ilusórias
Destemidos nas ilusões que alimentam,
Golpeando o vento do presente
Enquanto a vida segue
Envelhecendo estes desajuizados,
Os cegos de espírito!...
 
Ah!... Tenho pena de certos políticos
Pois vivem na eminência,
Ofuscados por luzes multicores
E acabam morrendo na solidão,
No deserto da própria consciência
Onde nada plantaram de bom,
Onde escorreu as lágrimas do povo
Amargurado pelo peso das promessas,
Da indiferença humanitária,
Do descaso social,
Da falta de compreensão
E até responsabilidade!...

Tenho pena
Pois se maquiam
Quais primorosos artistas
Buscando aparentar dignidade
Importância meritória,
Tudo para iludir o povo
No crédito do voto!...

Mas que amanhã,
Diante da justiça de Deus,
Feitos crianças lamuriantes,
Rogarão a este mesmo povo
Não o voto para a cátedra do céu
Mas sim a graça simples,
Face à própria miséria interior,
Do perdão!

José Nunes Sobrinho
Naviraí - MS
Diário do Interior - 10/05/1990

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