segunda-feira, 1 de abril de 2013

QUESTÃO DE FAMÍLIA



     Nos caminhos da vida nem sempre temos a harmonia que desejamos para nossa família. Intrigas surgem. Desentendimentos. Mágoas. Falta de perdão e até ingratidão. Por isso, muitas pessoas esquecem a importância de manter as origens e seguem rumos ignorados, indiferentes, despreocupados com as consequências.
     Todavia, por mais motivos tenha alguém para manter-se afastado, mais cedo ou mais tarde, deve relevar e perdoar. Afinal, a família, no aspecto físico, abaixo de Deus, sempre será a única fonte segura de arrimo nos momentos de crise aguda.
     É importante também mencionar que em família sempre existe uma liberdade acima do normal, ao ponto de uns colocarem-se frontalmente contra outros de forma irredutível em defesa de suas opiniões. Entretanto, tal fato ocorre mais por zelo do que por ódio ou qualquer outro sentimento negativo. Exatamente por isso, nas crises agudas, momentos realmente difíceis, a família será um sustentáculo confiável e seguro.
     Isto é prática experimental de vida independente de teor religioso. Pode-se dizer que é uma questão de instinto. Autopreservação. Quem renega a família cria uma lacuna dentro de si que dificilmente os amigos e amores do mundo conseguirão preencher.
     Sabemos que o ser humano é sociável por natureza e onde for terá de se relacionar com outras pessoas. Terá amores. Fará amizades e algumas delas tão íntimas que suplantarão, por algum tempo, a importância da família.
     Mas por mais confiável que seja uma amizade, por mais cordiais que sejam os membros de uma nova família a que veio irmanar-se, é preciso resolver os problemas com a própria família.  Mesmo porque, muitas vezes, a etiqueta transforma as pessoas, tornando-as dóceis e amáveis. Mas no primeiro ato de contrariedade, no primeiro deslize, por menor que seja, não relutarão em romper com aquela amizade que parecia tão sólida. Tudo será esquecido. Bons momentos, boas palavras, bons atos...
     Em alguns casos, por questões de convicções e opiniões divergentes, há desentendimento com uma determinada pessoa e esta clama aos quatro ventos a ofensa, praticamente obrigando as demais a renegar a amizade, deixando quem errou entregue aos próprios cuidados, no momento em que mais precisa de ajuda.
     Nestes instantes de desequilíbrio, somente os membros da própria família, tal qual pai e mãe e mais alguns, darão apoio para a pessoa se reerguer e sair da crise.
          Há exceções neste conceito. Por exemplo, quando a pessoa encontra uma outra e se unem por amor. Neste caso, ocorrerá o início de uma nova família. Portanto a regra permanece sob uma nova roupagem. Ou mesmo quando a pessoa tem a felicidade de se reencontrar com entes queridos de outras vidas, nos relacionamentos da família espiritual, fato que ainda não anula a necessidade de mútuo relacionamento e obrigações para com a família física.
     Logicamente o objetivo destes comentários não é desarticular a importância das amizades no relacionamento humano, mas sim estabelecer primícias e uma sequência lógica.
     O homem pode realizar de tudo na face da terra; obter o maior sucesso, realização pessoal e social, mas se houver pendências em família, terminará a vida com carência interior. Uma sensação de não ter conseguido nada...
     Portanto, antes que acabe a vitalidade do corpo, resolvam as pendências em família e se reconciliem.
     No mínimo, façam a parte que lhes cabem.  Quanto ao resto, ao Senhor pertence o julgamento.


José Nunes Sobrinho
Itaquiraí - MS
Diário do Interior - 01/08/1993

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