Nos
caminhos da vida nem sempre temos a harmonia que desejamos para nossa família.
Intrigas surgem. Desentendimentos. Mágoas. Falta de perdão e até ingratidão.
Por isso, muitas pessoas esquecem a importância de manter as origens e seguem
rumos ignorados, indiferentes, despreocupados com as consequências.
Todavia,
por mais motivos tenha alguém para manter-se afastado, mais cedo ou mais tarde,
deve relevar e perdoar. Afinal, a família, no aspecto físico, abaixo de Deus,
sempre será a única fonte segura de arrimo nos momentos de crise aguda.
É
importante também mencionar que em família sempre existe uma liberdade acima do
normal, ao ponto de uns colocarem-se frontalmente contra outros de forma
irredutível em defesa de suas opiniões. Entretanto, tal fato ocorre mais por
zelo do que por ódio ou qualquer outro sentimento negativo. Exatamente por
isso, nas crises agudas, momentos realmente difíceis, a família será um
sustentáculo confiável e seguro.
Isto é
prática experimental de vida independente de teor religioso. Pode-se dizer que
é uma questão de instinto. Autopreservação. Quem renega a família cria uma
lacuna dentro de si que dificilmente os amigos e amores do mundo conseguirão
preencher.
Sabemos
que o ser humano é sociável por natureza e onde for terá de se relacionar com
outras pessoas. Terá amores. Fará amizades e algumas delas tão íntimas que
suplantarão, por algum tempo, a importância da família.
Mas por
mais confiável que seja uma amizade, por mais cordiais que sejam os membros de
uma nova família a que veio irmanar-se, é preciso resolver os problemas com a
própria família. Mesmo porque, muitas
vezes, a etiqueta transforma as pessoas, tornando-as dóceis e amáveis. Mas no
primeiro ato de contrariedade, no primeiro deslize, por menor que seja, não
relutarão em romper com aquela amizade que parecia tão sólida. Tudo será
esquecido. Bons momentos, boas palavras, bons atos...
Em alguns
casos, por questões de convicções e opiniões divergentes, há desentendimento
com uma determinada pessoa e esta clama aos quatro ventos a ofensa,
praticamente obrigando as demais a renegar a amizade, deixando quem errou
entregue aos próprios cuidados, no momento em que mais precisa de ajuda.
Nestes
instantes de desequilíbrio, somente os membros da própria família, tal qual pai
e mãe e mais alguns, darão apoio para a pessoa se reerguer e sair da crise.
Há
exceções neste conceito. Por exemplo, quando a pessoa encontra uma outra e se
unem por amor. Neste caso, ocorrerá o início de uma nova família. Portanto a
regra permanece sob uma nova roupagem. Ou mesmo quando a pessoa tem a
felicidade de se reencontrar com entes queridos de outras vidas, nos relacionamentos
da família espiritual, fato que ainda não anula a necessidade de mútuo
relacionamento e obrigações para com a família física.
Logicamente o objetivo destes comentários não é desarticular a
importância das amizades no relacionamento humano, mas sim estabelecer
primícias e uma sequência lógica.
O homem
pode realizar de tudo na face da terra; obter o maior sucesso, realização
pessoal e social, mas se houver pendências em família, terminará a vida com
carência interior. Uma sensação de não ter conseguido nada...
Portanto,
antes que acabe a vitalidade do corpo, resolvam as pendências em família e se
reconciliem.
No
mínimo, façam a parte que lhes cabem.
Quanto ao resto, ao Senhor pertence o julgamento.
José Nunes Sobrinho
Itaquiraí - MS
Diário do Interior - 01/08/1993
Nenhum comentário:
Postar um comentário