segunda-feira, 1 de abril de 2013

POESIAS DIVERSAS


                                                                    JORNADA


Primeiro a criança aspira,
Anseia, palpita, projeta.
A Natureza aceita a meta.
A ampulheta no tempo gira...

No peito ofegante juvenil
Sentimentos dominam a criança.
Nos braços meigos da esperança
Fica a inocência infantil...

Adolescente ama perdidamente!
O jovem coração, aprendiz
Delira no cálice - feliz,
A esvaziar-se lentamente...

Tudo passa, diz a experiência,
Não sem dor, clama a razão...
Superar as malhas da paixão
Requer do rapaz persistência.

Por fim, deixa as iniciativas,
Esquece os sonhos de menino,
Aceita da vida seu destino
Sob necessidades imperativas.

Seria fracasso da fantasia?
Jamais! Justifica-se o sujeito,
Pois ainda carrega no peito
Os sonhos acalentados, um dia...

Agora, porém, em verdade,
Um passo por vez, não se ilude,
Ao contrário, em cada atitude,
Sabe que precisa de serenidade!

José Nunes Sobrinho
Campo Grande - MS
Diário do Interior - 24/04/1994 


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ROMANCE  EM  TEMPO  DE  ESTIO  (Outubro-88)

Foram três meses no estio da vida:
Quando, por acaso, nos conhecemos
Eras uma suposta avezinha ferida
Já com o desânimo ao extremo!

Procurei dar-te paz, carinho e amor,
Sacrifiquei interesses na ânsia
De devolver-te a alegria e o vigor
Causticado desde tua infância!...

E foram-me três meses de vida!
Minha alma de caminhante solitário
Recebeu dos teus olhos a prometida
Paz final, para o meu calvário...

Mas ah!... Não disseste ao aparecer
Que nos céus havia um companheiro!
Tão logo pudeste o ânimo soerguer
Alçaste vôo em busca do parceiro!...

Meu coração lamentou em meu peito
E muito angustiou-me a existência...
As limitações tiraram-me o direito
De ofertar-te conforto em equivalência...

Foste embora me jogando na solidão.
Deixaste apenas na súbita partida
A agonia desta terrível conclusão:
Foram três meses perdidos na vida!...

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PAIXÃO  (Junho-89)


Em momento de insana loucura
Lamentei a falta de aventura
Comparando-a a cruz fatal.
Desejei um amor ardente
Que preenchesse completamente
Meu vazio sentimental!

Ocorreu então atroz prova!
Aplicou-me a vida uma sova
Destinando-me ao coração,
Dos sentimentos, o mais arbitrário,
Agradável veneno funerário
Simplesmente rotulado: Paixão!

Ela veio qual tempestade
Destruindo a tranqüilidade
Atraindo toda a atenção.
Chegou fantasiada de amor
Penetrou de forma indolor
Anulando qualquer reação...

Dominou de forma implacável
Deixando-me em estado lamentável,
Qual náufrago maltrapilho
Nas noites de insônia jogado
Por todos os lados bombardeado
Vi-me qual vagão fora do trilho!. .

Quem foi ela?... Que importa?
Pois na verdade a porta
Que levou a esse desvairamento
Foi no íntimo a afoiteza
Conduzida pela fraqueza
De impensado sentimento!

Por fim restou a lição:
É melhor viver sem emoção
Mas com equilíbrio e sossegado
Do que viver cheio de amores
Sofrendo mil horrores
Pela paixão subjugado!

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