segunda-feira, 1 de abril de 2013

ESPAÇOS



    Na ciência, mais propriamente na física, tem uma lei que Diz: "Dois corpos não podem ocupar, ao mesmo tempo, um mesmo lugar no espaço".
     Por conseguinte, cada pessoa ocupa um espaço único, dentro da sociedade, na família e no trabalho.
     E ocupar um lugar no espaço, seja na sociedade, em família, na escola ou no ambiente de trabalho, significa desempenhar funções, executar tarefas, estar fisicamente presente. Pode até ser que alguém faça falta em uma eventual ausência ou talvez o desempenho normal dos demais venha a ser prejudicado pela falta de uma determinada pessoa, pois algumas tarefas são essenciais para a sociedade. Entretanto, apenas pelas atividades. A pessoa em si, por exemplo, no trabalho, pode ser perfeitamente substituída por uma outra que faça os mesmos serviços.
     Estabelecer este princípio é importante para que tenhamos conhecimento da limitação do nosso valor físico, pois podemos perfeitamente ser substituídos, até porque é uma lei da natureza.
      Entretanto, além do espaço físico, também ocupamos aquilo que podemos convencionar chamar de espaço conceitual. Ou seja, além de estarmos presentes, apresentamos qualidades que nos diferem dos demais; temos iniciativas, resolvemos problemas que outros podem não conseguir solucionar, apresentamos inteligência, liderança, sentimentos, amizade, capacidade administrativa e social, etc. e etc. Enfim, nossa atuação determina um espaço conceitual de influência. Por ele, estabelecemos um valor maior, fazendo com que nossa participação em cada atividade da vida assuma um toque único, tornando-nos insubstituíveis neste sentido. Outros podem fazer o mesmo serviço, mas não conseguiriam dar o mesmo toque de personalidade que nos for característico. Não existe limite para o espaço conceitual. Podemos crescer por todos os horizontes imagináveis.
     Por isso é importante não apenas executar serviços ou exercer uma função, mesmo que seja um cargo de chefia ou liderança; mas sim encontrar, estabelecer e preencher este espaço conceitual. Através dele, jamais seremos substituídos ou esquecidos.
     Todavia, ainda existe um terceiro espaço, além do físico e do conceitual, que nos qualifica como únicos não apenas dentro de uma determinada esfera de atuação, mas por toda a vida e em todo o mundo. Chama-se atuação moral. É uma sequência do espaço conceitual. Através da moral, estabelecemos um padrão único e produzimos exemplos que por si mesmos se perpetuam. A moral cria um vínculo de respeito e semeia seguidores, mesmo depois da morte ou ausência física.  Além de ocupar um espaço físico, devemos usar a nossa presença para estabelecer um espaço conceitual e, sobretudo, moral.


José Nunes Sobrinho
Campo Grande - MS
Diário do Interior - 20/03/1995

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