segunda-feira, 27 de setembro de 2021

CINCO MOTIVOS PARA PRATICAR O BEM

 

CINCO MOTIVOS PARA PRATICAR O BEM

 

Explicação: O Texto abaixo tem origem na Legenda de uma Palestra Espírita publicada no Youtube em 27/05/2021, portanto, não segue o refinamento da linguagem escrita, pois é fruto de linguagem coloquial espontânea.

Link do Vídeo original: https://www.youtube.com/watch?v=15Xr3nOwlMo

 

Bom dia, boa tarde ou boa noite.

Meu nome é José Nunes Pereira Sobrinho e estou gravando esse vídeo de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

Esta é uma Palestra Espírita, destinada a Espíritas, porque a intenção é aprofundar a análise de uma determinada Questão do Livro dos Espíritos, a qual, em minha opinião, é mal interpretada.

Todavia, Apesar de ser dirigida mais a espíritas ou a quem tenha mais conhecimento e estudo do Livro dos Espíritos, é evidente que pode também ser assistida por pessoas que não são Espíritas, já que será publicada no Youtube.

Todavia, já deixo isso esclarecido. Ela é voltada para Espíritas.

Bom... O tema de hoje é a Questão 642, do Livro dos Espíritos, que em minha opinião, ela é muito mal interpretada pelos Espíritas, de uma forma geral, tanto por falta de análise da pergunta, como também pelo próprio conteúdo. Então... Nós vamos Ver agora essa questão 642.

Quem não é espírita, pode não saber, mas a Doutrina Espírita, ela se baseia em cinco livros, que foram escritos, na verdade, organizados, por Allan Kardec, na França, no século 19.

E o Livro dos Espíritos, que é o principal, como se... Para fazer uma analogia não perfeita, é como se fosse a Bíblia dos Espíritas.

O Livro dos Espíritos, ele é composto de perguntas e respostas. Então hoje nós vamos analisar a Questão 642.

A pergunta 642, ela registra assim: "Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal”?

Resposta: "Não. Cumpre-lhe fazer todo o bem que puder, pois responderá por todo mal que resultou de não haver praticado o bem”!

Então essa é uma pergunta com um peso e uma responsabilidade muito grande. E é importante salientar primeiro a pergunta:

Para agradar a Deus e assegurar a sua "posição futura"... Ou seja, após a morte... O que acontece?... Qual o objetivo da reencarnação?... Por que estamos aqui vivendo nesse Planeta, nessa dimensão física?... Quando vamos para a Dimensão Espiritual O quê pode acontecer?... Vamos estar bem?... Essa é assegurar a posição futura. Então não basta apenas não fazer o mal.

É evidente, quem fizer o mal estará numa situação ruim no Plano Espiritual, mas não basta não fazer o mal. E diz aqui que nós somos responsáveis: "Responderá por todo o mal que resultou de não haver praticado o bem." Então é uma pergunta que assusta de certa forma, porque “Não basta não praticar o mal e vai responder pelo resultado de não ter praticado o bem”.

Todavia, em minha opinião, essa resposta ela é má interpretada. Porque, primeiro, há de se dizer que não especifica aqui qual é esse bem, a quem fazer esse bem e por lógica então também não especifica qual seria o mal que resultaria disso, da ausência desse bem.

Mas suponhamos que seja um bem a outra pessoa. (As demais questões indicam isso). Bom, se é um bem a outra pessoa, então depende de ações dessa outra pessoa! Se resultar em algum mal não é só porque eu não fiz o bem a essa pessoa que eu vou sofrer as consequências disso. É evidente que esse "mal", também cabe a essa outra pessoa.

E a gente poderia até dividir isso. Vamos supor então que no máximo 50% são da pessoa e 50% é de quem não fez o bem. Mas e quantas pessoas não fizeram o bem?... Se eu colocar 10 pessoas próximas, que não fizeram o bem, então a consequência desse mal já ia se reduzir para 5%!

Todavia, em minha opinião, esse não é o sentido de se entender essa resposta. E vou explicar por que. Na Questão 121 do Livro dos Espíritos, foi feita a pergunta: “Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros, o do mal”?...

E aí a resposta: "Vocês não têm o Livre Arbítrio? Deus não os criou maus, criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanto aptidão para o bem, quanto para o mal. Os que são maus, assim se tornaram por vontade própria”.

Ou seja, a existência do Livre-Arbítrio, faz com que cada um, seja responsável pelos seus erros, pelos seus atos. E essa responsabilidade atinge tanto ao que fizer de errado, fizer de mal, porque vai sofrer as consequências disso, como também ao mérito, pelo que fizer de bem, que fizer de correto. Então isso é que assegura uma, digamos assim, uma existência tranquila na Dimensão Espiritual.

Já que esse é o tema da Questão 642.

Mas... Apenas... De tal forma que essa Questão 642, já que quem fez o mal, sofreu as consequências desse mal e se a ausência desse bem foi à outra pessoa, então essa consequência não foi só pela ausência do bem, foi principalmente pelo Livre Arbítrio dessa outra pessoa!

Então seria o caso de se questionar: Ah!... Mas então não compensa fazer o bem?... Tanto faz fazer o bem?... Então vamos entender primeiro qual que é a minha opinião sobre essa Questão 642.

Então nós temos o Livre Arbítrio e quem fez o mal, que sofreu a consequência do mal, também tem o Livre Arbítrio. E diz aqui a resposta: "Cumpre-lhe fazer todo o bem que puder, pois responderá por todo o mal que resultou de não haver praticado o bem”.

Oras! Em minha opinião, essa questão, essa palavra: "Resultou" é que é importante. Resultou é o saldo. E não especifica aqui na resposta que esse "resultou" é com aquela pessoa que deveria ser ajudada.

Por que qual é o objetivo da reencarnação aqui no Planeta Terra?... Qual o objetivo da reencarnação?... Nós sabemos que é evoluir! Evoluir, tanto intelectualmente, por conhecimento, por sabedoria, como evoluir moralmente, por adquirir virtudes, bons sentimentos.

Então quando você deixa de praticar o bem, não é apenas uma opção do Livre Arbítrio. Você perdeu uma oportunidade de se desenvolver, de desenvolver algum sentimento positivo. Você perdeu a oportunidade de adquirir algum sentimento com essa caridade.

Mas aí que está a questão importante e fundamental. É que fazer o bem, ou seja, praticar a caridade, ela tem etapas.

Ela... Existe até uma historinha, que é contada pelo Espírito Humberto de Campos, o irmão X, que diz que um determinado homem, desde a sua juventude, muito religioso, todo o domingo levantava e ia a Igreja.

Então ele fazia aquilo religiosamente, todo o Domingo, até a sua velhice!... Todavia, um dia, num determinado domingo, ele dormiu mais do que o costumeiro e perdeu o horário. E quando acordou, viu que já tinha perdido o horário, levantou assustado, se preparou, correu para a Igreja, e quando chegou lá... Já tinha terminado as tarefas religiosas daquele dia.

E ele ficou num desespero, numa agonia, porque por mais de 50 anos, todo o domingo ele ia naquela Igreja. E ele tinha um costume. Todo domingo quando voltava da Igreja, ele pegava um seixo, uma pequena pedrinha na beira do caminho e jogava dentro de um pau oco que tinha na direção de sua casa.

E naquele domingo que ele esqueceu e chegou atrasado, ele voltou muito dessolado, muito triste e chegando naquele pau, quando ele jogava a pedrinha dentro do buraco, ele... A agonia dominou... Ele se ajoelhou e rezou um "Pai Nosso". Fez a Oração do "Pai Nosso" o mais fervoroso que ele podia fazer. Porque ele queria também jogar a pedrinha naquele dia. E assim ele o fez!

Fez o "Pai Nosso" e jogou a pedrinha lá dentro. E foi para casa ainda angustiado com aquilo e depois ele pensou: Poxa! Eu fiz essa tarefa durante 50 anos! É impossível que isso não vá ser levado em conta! Quantas pedrinhas não têm lá dentro daquele pau oco?...Poxa vida! Só porque esqueci um dia?...

Então ele pegou um machado e falou: Eu vou contar quantas pedrinhas tem lá! Aí foi lá, quebrou a madeira, o pau oco e para surpresa dele, dentro só tinha uma pedrinha. A pedrinha daquele dia. Porque todas as vezes que ele foi a Igreja, ele só cumpriu um rito. Não houve um sentimento em seu coração. Só aquele dia que ele fez uma oração de dentro de seu coração, então ele teve um sentimento moral de evolução. De aproximação com Deus! Então só tinha uma pedrinha...

E o que quer dizer isso?...

Que a caridade ela não deve ser praticada por mero exercício, ou em resposta a essa Questão, porque já sabemos que não vamos responder pelo mal que acontecer a outra pessoa, porque isso é do Livre Arbítrio da outra pessoa! Ela escolheu, ela está sofrendo as consequências de suas escolhas.

Mas vamos sofrer o que resultar desse mal, não pela outra pessoa, não por causa da outra pessoa, vamos responder por causa de nós mesmos!

Nós é que teremos perdido a oportunidade. Então eu vou ler agora um trecho, sobre a caridade, também do Livro dos Espíritos.

Então na Questão 886, do Livro dos Espíritos, registra assim: “Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade como a entendia Jesus”?

E a resposta: “Benevolência para com todos”. Ou seja, bondade para com todos. “Compaixão para as imperfeições dos outros”. Ou seja, empatia. “E perdão das ofensas

Então a benevolência é a parte da caridade. A compaixão é a parte da empatia. Porque, veja só, se sabemos que estamos aqui evoluindo e que a cada nova existência nós aprendemos alguma coisa, adquirimos uma nova virtude ou aumentamos essa virtude, então é evidente, quanto mais reencarnações o Espírito tiver, mais evoluído ele será!

Isso faz com que no Planeta Terra tenha Espíritos que ainda estão nos primeiros estágios da evolução, tanto intelectual, como moral.

Mas também há aqui, Espírito que não tenha a perfeição necessária para ir para uma Dimensão onde tenha um Planeta cuja vida não seja tão aflitiva, tão angustiosa, tão penosa, quanto aqui no Planeta Terra, mas apesar disso, esse Espírito tem já alguma virtude, alguma evolução.

Só que esse Espírito, ele também já foi um Espírito pouco evoluído, ele também já cometeu erros, ele sabe o caminhos das pedras, ele sabe onde dói o calo, então ele tem Empatia por aqueles que ainda não têm esse grau de perfeição que ele já conseguiu. Isso é a parte da Indulgência, da Empatia.

Mas a parte da Benevolência, que é a parte da Caridade, Nós podemos dividi-la em cinco partes:

Cinco motivos para que a pessoa faça o bem sobre a face da terra. Não porque se ele não fizer o bem e resultar no mal de quem não recebeu o bem, ele vai responsável, não é isso não! Não é esse o sentido dessa Questão 642 do Livro dos Espíritos.

Porque de acordo com o Livre Arbítrio, nós somos responsáveis pelos nossos atos, bons e maus. E as outras pessoas também são! Então não existe isso de uma pessoa ser responsável pelos erros de outra pessoa. Sofrer as consequências pelas decisões de outras pessoas. Nós sofremos as consequências das nossas escolhas.

Só que se eu escolher não fazer o bem, eu estarei estacionado. Essa é a consequência. É o desperdício de existência!

Então a Caridade ela é importante não por ser exercida porque se diz que tem que fazer a Caridade, que se tem que fazer o bem. Isso é falsidade. Isso é enganar a si mesmo.

Todavia, mesmo que a pessoa não sinta esse desejo de fazer a Caridade, de fazer o bem, de ajudar ao seu próximo, existem cinco motivos para que ela inicie isso.

(1º Motivo) - Primeiro:

O Exercício, a prática é que leva a perfeição. Então no início pode ser que ela faça por fazer, faça sem ter esse sentimento. Porque pode ser que a pessoa faça por fazer sem ter esse sentimento e isso seja proveitoso para ela porque é uma escola, um aprendizado. O importante é ela não fazer achando que está comprando a "salvação". Isso não existe!... Não vai comprar a "salvação" com isso. Não se engana a Deus! Não se engana ao Plano Espiritual, a Dimensão Espiritual, como na Parábola de Jesus, daquele que foi pego lá na Festa de Núpcias e não tinha a veste adequada.

Então não é porque fez o "bem", fez o bem aqui na face da Terra, nessa dimensão, que vai simplesmente receber a "salvação". Não é isso! O que vai dar a Salvação É ela ter a condição Moral adequada para viver entre os outros Espíritos evoluídos. Mas e se a pessoa ainda não tem esse amor, esse grau de compreensão, esse sentimento de fazer o bem?...

Não achando que está comprando a salvação, mas fazer o bem porque ele quer fazer o bem e que ele entende que é importante fazer o bem. Ele não tem ainda isso. Mas se ele começar a fazer, esse exercício, é que vai desenvolver esse sentimento, até que ele se acostume com isso.

E outro item, dos cinco, (2º Motivo).

Então o bem pode não ser importante para você, porque você não sente isso como importante. Mas o bem pode ser importante para a outra pessoa! Pode ser fundamental para quem está recebendo aquela ação do bem. Então nisso já tem um 2º motivo de importância.

(3º) O terceiro motivo:

Por que Deus nos criou?... Qual o objetivo de Deus?... Apenas ter uma raça inteligente, consciente, apenas ter Espíritos ao seu lado?... Não!...

Quem cuida do Universo?... São os Espíritos! São os Agentes de Deus. Os Espíritos mais evoluídos é que fazem as ações no Universo. Então todo Espírito, inclusive nós, somos Agentes, Instrumentos de Deus!

Então pode acontecer de numa determinada situação, alguém está precisando de uma ajuda, de um bem, de uma caridade. E essa pessoa, no íntimo do seu coração, pede essa ajuda para Deus. E Deus te encontra no destino dessa pessoa. E Deus te direciona para ajudar a essa pessoa. Então você, nesse momento, está sendo um instrumento de Deus. Mas na hora de prestar a ajuda, você escolhe não ajudar, então você deixou de ser instrumento de Deus.

Esse é um 3º motivo para a prática da Caridade. Colaborar com Deus! Deus lhe deu a vida! Deus lhe fez da forma perfeita, como Ser existente, consciente, com Livre Arbítrio, com inteligência, com sentimento do jeito que você é!...

Quanto ao seu estilo de vida, se você é rico, se você é pobre, isso foi escolha sua, antes de reencarnar! Porque cada Espírito escolhe reencarnar de tal maneira, que propicie que ele tenha evolução, que ele se desenvolva!

Porque, se todo mundo escolhesse ser rico, no quê ele seria atribulado?... No quê haveria atrito em sua vida?... No quê ele seria constrangido a se mexer, a se melhorar? Seria uma vida de facilidade. Sendo de facilidade, é uma vida inútil, porque, difícil é reencarnar! Muito difícil reencarnar!

Bastam dizer os nove meses... Basta dizer dos 10 ou 15 anos de aprendizado na infância, então é difícil, é complicado reencarnar! E depois desperdiça, vai desperdiçar isso?...

Então cada Espírito escolhe como que vai vivenciar a sua existência. Porque, basicamente, são três os motivos que movimentam as reencarnações dos Espíritos:

O 1º são as Provações.

Provações são situações que você passa de período em período para mostrar que você adquiriu aquela virtude. E se prestarem atenção, verão que essas provações se repetem na vida em círculos, caso a pessoa não seja aprovada.

Os mesmos sofrimentos, os mesmos acontecimentos, voltam a se repetir, até que a pessoa aprenda a passar por aquilo, a não dar tanta importância por aquilo, porque são coisas do aspecto material.

E as Provações são as mais variadas possíveis. Intelectuais, Morais, envolve Família, envolve Trabalho, envolve Religião, envolve todas as circunstâncias da vida. Mas não é só provação.

Existe também Expiação. (2º motivo).

Porque o Espírito reencarna, Faz o mal, volta para a Dimensão Espiritual e diz assim: Ah!... Eu errei!... Eu não devia ter praticado o mal... Agora eu entendi!... Agora eu vou ser uma boa pessoa!...

Só que ela praticou o mal. Isso tem consequência!...Isso é uma dívida que ele trás dentro de si! Então ela reencarna e vai sofrer as consequências daquele erro que fez. Então ela vai passar por Provações, para realmente provar que se arrependeu e também vai expiar o mal que tenha feito a outras pessoas.

Não na mesma proporção! Porque se uma pessoa foi assassina, por exemplo, e mata 10 outras pessoas, ela não precisa reencarnar 10 vezes e morrer 10 vezes. Basta ela possa passar por uma situação que a faça entender e valorizar a vida. O quanto precioso é a vida. Tanto para ela, quanto para as outras pessoas também. Então precisa ter respeito para com as outras pessoas e jamais tirar a vida do seu próximo.

Bem, além das Provações e das Expiações, existe alguns raros acontecimentos que são as Missões.

(3º Motivo - Missões).

São Espíritos Missionários, Espíritos que reencarnam para ajudar coletivamente as outras pessoas ou trazer alguma nova ideia. Mas é importante que se diga que os Espíritos Missionários são poucos. Se hoje têm mais (quase) oito bilhões de Espíritos reencarnados, provavelmente os Missionários não chegam a Mil.

Porque as pessoas acham assim, que todo mundo tem uma missão. De fato, tem! Mas é missão consigo mesmo! Missão com a sua Família! Missão com a sua coletividade local. Não grandes missões. A missão é consigo mesmo. Missão em cumprir as suas Provações. Missão em cumprir as suas Expiações.

E dentro disso, nós voltamos como ajudantes de Deus. Para fazer o bem porque Deus quer fazer o bem! Então esse é um 3º motivo. (Dos cinco em fazer o bem).

Um 4º motivo:

É quando a pessoa atinge um grau de bondade no seu coração que ela faz o bem, ela aprendeu, ela faz o bem não por promessa de salvação, não por promessa de vida eterna, não porque quer ir para o céu, não por medo do inferno, ela faz o bem porque ela tem Empatia, ela tem consciência do sofrimento das outras pessoas.

Ela faz o bem porque ela simplesmente quer fazer o bem! E, ao fazer isso, ela nem se dá conta disso! A bondade está em seu coração.

E aí nos chegamos ao 5º item (motivo).

Com isso, a pessoa faz o bem e leva, às vezes, leva uma vida muito simples na face da terra. E quando desencarna, Oh!... Surpresa!... Ela é muito bem recebida na Dimensão Espiritual! Porque ela fez... Ela nem percebeu que fez o bem! Mas ela fez o bem a outras pessoas!

Então voltando a Questão 642, em minha opinião: "Responderá por todo o mal que resultou por não haver praticado o bem”. Esse mal que "resultou" não é a outra pessoa, porque isso é do Livre Arbítrio da outra pessoa, mas responderá por todo o mal que resultou por não ter praticado o bem por causa da sua própria ação! Da sua escolha de Livre Arbítrio. Por sua falência em cumprir com o seu objetivo.

Então esse foi o nosso tema dessa Palestra e desejo, de coração, que Deus abençoe a todos e que aprendamos a ser melhores instrumentos na mão de Deus.

Deus nos usa para fazer o bem.

Fiquem em paz!

(Fim da 1ª parte).

quarta-feira, 12 de março de 2014

MEMÓRIAS DO EXÉRCITO - O PRIMEIRO DIA



 MEMÓRIAS DO EXÉRCITO - O PRIMEIRO DIA

Servi ao Exército no 17º Regimento de Cavalaria Mecanizada, ano de 1981, Soldado Sobrinho, número 384, cidade de Amambai MS.

Foi um ano muito intenso, exatamente por isso, depois de trinta anos, ainda lembro de tudo como se fossem acontecimentos recentes.

O Regimento era composto por quatro Esquadrões: Comando, Petrechos e Primeiro e Segundo de Cavalaria. Cada esquadrão recebia cerca de cem soldados, mas em cada um existia um número significativo de militares de carreira. O Esquadrão de Petrechos, como o próprio nome diz, era responsável pela área de armamentos pesados e itens ligados. Os Esquadrões de Cavalaria, logicamente, conservavam as tradições oriundas do antigo Quartel de Pirassununga SP, origem do 17º Regimento, isso desde a época da Guerra contra o Paraguai, ou seja, cuidavam das atividades hípicas. Por fim, o Esquadrão de Comando, onde eram lotados os militares vinculados às atividades de serviços, por exemplo, a Garagem de Veículos, ou os militares do Restaurante ou Rancho, ainda militares do Hospital, do Bloco Administrativo e assim por diante.

Fiquei lotado no Pelotão de Comunicações, mas vinculado ao Esquadrão de Comandos, Qualificação Militar 071 – Construtor de Linhas. Isso no papel, mas eu era mais um 074 – Operador de Rádio. Depois fui para a Sargenteação, o Escritório Administrativo do esquadrão, mas isso foi no fim da primavera, depois de muitas aventuras e sofrimento. Na verdade, o Pelotão de Comunicações também tinha militares nos demais esquadrões, pois era uma arma de guerra presente em todos os quartéis do Exército, face sua necessidade em todos os setores.

Naquela época ainda imperava o Regime Militar em todo o País. Também era fim da influência do movimento Hippie, mas eu ainda usava longos cabelos.

No primeiro dia, enquanto o ônibus trafegava os 150 km nas estradas poeirentas desde a cidade de Naviraí MS, mil pensamentos tentavam ocupar o espaço de meu cérebro e o coração suportava bravamente a expectativa.

Desembarcamos e na confusão de tantos jovens imaturos, acabei ficando no Esquadrão de Petrechos. Era ali que estava lotado o Carlos, companheiro de serviços da época em que fui balconista de loja. Ele me tratou rispidamente e deixou muito claro que agora ele era um poderoso Sargento e eu era um ninguém, pano de chão. Depois de uma sessão de abuso de poder e humilhações degradantes, ou como preferem os militares, técnicas de obediência incondicional, compreendi que não poderia esperar nenhuma ajuda por parte dele. Lembrei-me do sermão religioso que lhe ministrei uns anos antes. Agora ele dava o troco. Cada um na sua área e no fim, anulando as vaidades, éramos todos iguais.

Por sorte, no mesmo dia passamos por uma seletiva para definir a Qualificação Militar. Oriundo do comércio, primeiro grau completo, boa dicção, imagino que não foi difícil ao entrevistador enquadrar-me como apto para o Esquadrão de Comandos, Pelotão de Comunicações. É claro que omiti que já tinha curso de datilografia, coisa rara naquela época. Na hora lembrei-me dos abusos do Carlos, pois reuniu todos os recém chegados nos Petrecho e perguntou: “Quem tem Carteira de Motorista?” Um sujeito se apresentou, imaginando que iria se dar bem, mas na verdade foi encaminhando para um Carinho de Mão para colher bitucas de cigarro e folhas do gramado. E perguntou: “Alguém tem Curso de Datilografia?”... Foi um silêncio só...

Mas o Carlos também tinha senso de humor. Pena que mórbido. Colocou o restante em filas de quatro ou cinco, com seis ou sete colunas. E determinou: “Todos os que estão nas colunas pares devem gritar “Um” e em seguida devem se abaixar; depois os que estão nas colunas ímpares gritam “Dois” e também se abaixam; então os que estavam abaixados das colunas pares gritam novamente “Um” e se levantam; depois as colunas ímpares devem gritar “Dois” e se levantam!”.

Foi a maior bagunça! Um bando de sapos gritando alternadamente: Um, Dois, Um, Dois... O problema é que ninguém podia rir, senão pagava algum castigo humilhante...

Naquele mesmo dia fui encaminhado ao barbeiro, para fazer cair os longos cachos e deixar expostas as orelhas enormes. Na verdade nem eram tão grandes, mas para quem sempre usou cabelos compridos, lembravam-me do Dumbo, aquele elefantinho voador do Disney.

Fomos para o Esquadrão de Comandos e para nosso azar, estourou a tubulação do esgoto atrás da garagem, do lado da Marcenaria. Todos os novos soldados foram escalados para cortar a enorme grama que se formou na região. Os soldados do ano anterior saíram no início do mês e o Quartel ficou sem cuidados, justamente no verão de janeiro, época de chuvas torrenciais propícias ao crescimento da grama. Para uns a dificuldade maior era a falta de ferramentas, pois tínhamos de cortar a grama com as mãos, entre os excrementos vazados do esgoto. Mas no meu caso, o sufoco era suportar o calor do sol acima das orelhas, região que nunca tinha sofrido a irradiação solar.

Finalmente o dia terminou. Foi o que pensei. No alojamento para soldados não havia beliches para todos. Mas na base da solidariedade, conseguimos juntar dois beliches e onde poderiam dormir quatro, agora atravessados seis podiam dormir. Foi o que pensamos, pois logo chegaram uns soldados antigos e fizeram a maior bagunça, acordando todo mundo. Por fim, decidiram que os beliches onde estávamos eram deles. Lá no fundo do alojamento sobrou um beliche sem colchão, mas todos contavam com uma prancha de madeira. Não pensei duas vezes. Deitei na tábua dura do beliche e dormi como um anjo!

Assim terminou o primeiro dia.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

FINAL



     Existem verdades amargas, das quais, preferimos fugir. Geralmente são aquelas que nos despertam sentimentos de vergonha. Por exemplo, o que fizemos em nome de Deus?...
     É evidente que existe um Criador do universo. Mas será que Ele poderia ser rebaixado ao ponto de ser equivalente a um soberano da terra?...
     Quem dera se a humanidade tivesse entendido o que significa não usar o nome de Deus em vão...
     Tudo foi feito, até o Governador da Galáxia aceitou submeter-se a nascer neste planeta para tentar corrigir alguma coisa, mas foi sacrificado na cruz...
     Muitos missionários tentaram, mas logo seus ensinamentos foram deturpados e a palavra voltava a ser comercializada, com o nome de Deus sendo usado para abençoar guerras...
     Chegou-se ao ponto crítico em que vivemos, onde há tantas doutrinas, seitas, religiões, filosofias, ciências, tudo supostamente em nome de Deus.
     Em breve o Anticristo iniciará seu caminho negro sobre a Terra. Ele analisará o culto a Deus em todos os sentidos e será racional ao ponto de ignorar as questões morais e espirituais, atendo-se unicamente aos critérios físicos e isso o levará a concluir equivocadamente que o culto a Deus produziu mais miséria do que poderia a apostasia absoluta.
     A princípio parecerá que o céu perdeu o poder, pois ele, a tudo vencerá. Nada poderá detê-lo. Ele estenderá o seu domínio sobre todos os povos da Terra.
     Em verdade, ele será, sem o saber, apenas um instrumento de Deus para anular todos os cultos inúteis, a fim de que o relacionamento com Deus esteja somente no coração dos verdadeiramente fiéis, sem qualquer rito, sem qualquer culto, explorações, fanatismo, engano, sem os conceitos inúteis. Quem tiver fé verdadeira perseverará até o fim. Os demais negarão com clamor que foram religiosos.
     Quando a fé estiver depurada ao ponto dos falsos religiosos estarem convictos de que nada poderá anular a nova realidade negra e passarem a adotar seus princípios, perseguindo os filhos da luz que permanecerem fiéis, sendo muitos mortos na carne, outros presos, então virá uma transformação e os maus serão deportados do planeta Terra.
     Nascerá a humanidade do terceiro milênio e haverá uma paz como jamais se imaginou ser possível.
     Mas até que isto ocorra...
     Ai de nós!...


José Nunes Sobrinho
Campo Grande - MS
28/02/1995

JESUS, O POETA



Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão fartos... (Mateus, 5-6).
-0-
Ele faz nascer o sol sobre maus e bons; e vir a chuva sobre justos e injustos... (Mateus, 5-45).
-0-
São os olhos a luz do corpo. Se os teus olhos forem bons, Todo o teu corpo será luminoso... (Mateus, 6-22).
-0-
Olhai para os lírios do campo, como eles crescem...
Não trabalham e nem fiam e nem mesmo Salomão
em toda sua glória, se vestiu como qualquer deles... (Mateus, 6-28).
-0-
As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos,
mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça... (Mateus, 8-20).
-0-
Que foste ver no deserto?
Uma cana agitada pelo vento?... (Mateus, 11-7).
-0-

Quantas vezes eu quis ajuntar os teus filhos como a galinha junta os filhotes debaixo de suas asas,
mas tu não quiseste... (Mateus, 23-37).
-0-
Por se multiplicar a iniqüidade o amor de muitos esfriará... (Mateus, 24-12).
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Meu pai, se este cálice não pode passar de mim sem que eu o beba, faça-se a tua vontade... (Mateus, 26-42).
-0-
 E teve compaixão deles porque eram como ovelhas
que não têm pastor... (Marcos, 6-34).
-0-
Este povo honra-me com os lábios mas o seu coração está longe de mim... (Marcos, 7-6).
-0-
Tenho compaixão desta gente porque há três dias estão comigo e não têm o que comer... (Marcos, 8-2).
-0-
Tendes ainda o coração endurecido? Tendo olhos, não vedes? Tendo ouvidos, não ouvis?... (Marcos, 8-17).
-0-
Não necessitam de médicos os que estão são, mas sim os que estão doentes... Não vim chamar justos, e sim, pecadores ao arrependimento (Lucas, 5-31).
-0-
Se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis?
Não fazem os pecadores o mesmo?... (Lucas, 6-32).
-0-
Os seus muitos pecados lhe são perdoados porque muito amou, mas aquele que pouco é perdoado,
pouco ama... (Lucas, 7-47).
-0-
Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos. (Lucas, 9-60).
-0-
Não temais os que matam o corpo e depois disso,
nada mais podem fazer... (Lucas, 12-4).
-0-
Onde estiver o vosso tesouro ali estará também o vosso coração... (Lucas, 12-34).
-0-
Vim lançar fogo sobre a terra...
E bem quisera que já estivesse a arder... (Lucas, 12-49).
-0-
Os filhos deste mundo são mais hábeis na sua geração
do que os filhos da luz... (Lucas, 16-8).
-0-
Digo-vos, se eles se calarem
as próprias pedras clamarão... (Lucas, 19-40).
-0-
O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem nem para onde vai. Assim é todo o que é nascido do espírito... (João, 3-8).
-0-
Qualquer que beber desta água tornará a ter sede.
Mas aquele que beber da água que eu lhe der, nunca terá sede e se fará uma fonte que salte para a vida eterna... (João, 4-14).
-0-
Não dizeis que ainda há quatro meses para a ceifa?
Eis que vos digo: Levantai os vossos olhos e vedes os campos que já estão brancos para a ceifa...  (João, 4-35).
-0-
Se o grão de trigo caindo na terra não morrer
fica ele só... Mas se morrer
produz muito fruto... (João, 12-24).
-0-
Ninguém tem maior amor do que este,
 de dar a sua vida  pelos seus amigos... (João, 15-13).
-0-
A mulher, quando está para dar a luz, sente tristeza
porque sua hora é chegada... Mas depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição... (João, 16-21).
-0-
Não rogo somente por estes, mas também
por aqueles que vierem a crer em mim,
por intermédio da palavra... (João, 17-20).
-0-

Poéticas de JESUS.

HONESTIDADE



     Resolvj escrever um artjgo sobre a honestjdade. Entretanto, mjnha máqujna soltou um dos tjpos... Mas não me dej por vencjdo e decjdj substjtujr a letra que faltava pelo "J".
     A prncjpjo julguej que a mudança não causarja majores danos, afjnal, tratava-se de apenas uma letrjnha em mejo a tantas outras perfejtamente normajs. Contudo, após jnjcjar o artjgo, percebj meu trágjco equjvoco...
     É jncrjvel mas apenas uma letrjnha djsvjrtuou todo o panorama vjsual e até jnterpretatjvo do texto!
     Jsso me faz refletjr nas crjses socjais, governamentajs e poljtjcas.
     Vemos tanta polêmjca, djscussões, opjnjões djversas e mudanças generaljzadas. Tudo para solucjonar a conturbada sjtuação, que dja após dja, sacrjfjca cruelmente a socjedade, sem que esta sequer tenha conscjêncja da próprja penúrja, pojs vjve perdjda em seus jnteresses partjculares, julgando que os problemas da nação devam ser resolvjdos apenas pelos poljtjcos.
      Entendo que o povo não pode fazer o mjlagre da transformação naqueles que detém o poder e que são essencjalmente corruptos.
      Mas cada pessoa que dejxa de segujr este funesto exemplo de alguns poljtjcos, mesmo nas pequenas cojsas do dja a dja, passando a agjr com lealdade e justjça, jndependente do comportamento defjcjtárjo do seu companhejro do lado, está contrjbujndo para melhorar os padrões étjcos da socjedade e por consequêncja, estabelecendo a ordem e o progresso.
     Parece sjmples demajs! Mas vejam este artjgo. Apenas uma letrjnha prejudjcou a harmonja vjsual e até o entendjmento do texto. Assjm também, cada pessoa que passa a agjr com honestjdade, contrjbuj para a melhora geral.
     Pensem njsto! A partjcjpação de cada pessoa é fundamental para o futuro da nação. Sejamos honestos, justos, posjtjvos acjma de todas as cjrcunstâncjas e seremos, jndjvjdualmente, uma letrjnha a menos a descolorjr o escuro panorama nacjonal, contrjbujndo assjm para uma socjedade melhor.


José Nunes Sobrynho
Navyraý - MS
Dyáryo do Ynteryor - 13/07/1988

CAMINHOS DO MEDO



     Na juventude, na vigília da noite, no mundo dos sonhos, em espírito, aprendi a voar. Escrevendo assim, parece simples. Entretanto, requereu muita perseverança e alto controle. O maior empecilho foi o medo. Em verdade, no mundo espiritual para onde vamos quando dormimos, vale a força da mente. Acontece exatamente aquilo que imaginamos. 
     Volitar requer muita disciplina. No início, tive pavor de ficar nas áreas urbanas por causa da fiação elétrica. Por mais que tentasse flutuar sobre as cidades, os receios apareciam e o medo de chocar-se contra os fios automaticamente impelia justamente na direção temida. Logicamente, acordar sempre era a única salvação, apesar de horrível retornar ao corpo tão bruscamente.
     A autoconfiança foi fundamental para obter êxito. Esta experiência serviu para ensinar a controlar os impulsos do medo e a não temer inimigos ocultos. Ou seja, àqueles fantasmas que tentam provocar pesadelos e aflições durante o sono físico. Nestes casos, basta acreditar que tudo terminará bem, que tudo está sob controle e procurar sempre fazer uma prece. É infalível. No mundo dos espíritos as orações têm um poder fenomenal.
     Recentemente, sonhei que estava pegando serpentes marinhas. O Instrutor foi claro: Não poderia soltá-las de forma alguma, pois eram muito venenosas.
     Nas primeiras, não tive medo e tudo ocorreu bem. Entretanto, na última, a serpente parecia extremamente lisa. O meu medo fez com que ela realmente ficasse escorregadia ao ponto de não conseguir segurá-la mesmo com ambas as mãos. Ela escapou e tive receio que não fosse embora. De fato, conforme temi, ela não foi! Depois pensei: "Só falta ela morder". A serpente virou-se para mim, como se estivesse impedida de ir embora e tentou de fato picar minhas mãos, não por agressividade, mas porque o meu pensamento a prendia. Rapidamente pensei: "Sou mais rápido. No máximo ela vai conseguir apenas mordiscar". E assim ocorreu. De repente, um descontrole terrível me dominou e não tive outra saída senão acordar. Estava com as mãos doloridas e Precisei esfregá-las para que sumisse as sensações.
     No mundo dos sonhos é assim. Acontece exatamente aquilo que imaginamos. Se deixarmos o medo dominar nossa mente, então ele determinará os acontecimentos. É assim que os espíritos malignos perseguem as pessoas. Apenas exploram o medo, a superstição, as crendices.
     Por outro lado, sabemos que o mundo real é a plasmação daquilo que é primeiramente idealizado na mente. A partir deste raciocínio é fácil compreender que tudo o que ocorre em vida pode ser melhorado ou agravado, dependendo de nossa maneira de pensar. Se enfrentarmos a vida com coragem, fé, otimismo, confiança e determinação, as probabilidades de vencermos serão enormes. Mas se alimentarmos receios, medos, temores, pavores, dúvidas, desconfianças e outras vibrações negativas, logicamente estaremos plasmando mentalmente uma próxima realidade de fracasso.
     Claro que nem tudo depende da nossa mente. Mesmo porque vivemos numa sociedade e assim, estamos sujeitos a sofrer consequências das emanações mentais da coletividade. Porém, no mínimo, podemos e devemos disciplinar nossos pensamentos e medos para obter a coragem e determinação suficiente para o máximo de êxito possível em todos os empreendimentos.
     Não ter medo de nada, é uma forma de coragem. Entretanto, é oportuno lembrar que coragem não é lançar-se intempestivamente contra tudo e todos. Quanto mais medo, maior a necessidade de combater. A ausência real do medo fornece calma, passividade, presença de espírito, consciência tranquila.
     Por maior que sejam as crises ou obstáculos a superar, acreditemos. O medo é o pior inimigo.
     Se crermos em Deus e tiver consciência da vida após a morte física, quem poderá nos vencer?...


José Nunes Sobrinho
Campo Grande - MS 
Diário do Interior - 26/02/1995

MUDANÇAS E CONCEITOS



     O metabolismo humano proporciona sentidos múltiplos que geram reflexos conscientes ou autônomos.
      Fora dos padrões tradicionais da ciência, podemos classificar estes sentidos como sendo qualidades conceituais, para onde destinamos as atribuições intelectuais e morais, tais como a inteligência, a intuição, a sensibilidade artística ou emotiva, etc. Em seguida, as qualidades práticas, para onde canalizamos as atribuições orgânicas, tais como a capacidade de sentir estímulos através do tato, de digerir um alimento, etc.
     Um exemplo de qualidade conceitual é a capacidade de assimilação. Alguém expõe uma teoria e uns entendem de imediato e outros não se atinam com o sentido. Outra é a criatividade.
     Um exemplo de qualidade prática é a capacidade de regeneração. Se quebrarmos um objeto ele não se reconstituirá por si mesmo, mas se acontecer um ferimento num membro do corpo humano, o próprio organismo promoverá a recuperação. Outra é a capacidade de adaptação. É justamente esta qualidade que nos interessa.
     Sabemos que no Nordeste faz calor e no Rio Grande do Sul faz frio. Se um nordestino, por sua vontade, quiser morar no sul, com o tempo, certamente se adaptará ao clima e costumes da região. Isto é a praticidade da adaptação. Todavia, nos conceitos, ao alimentar-se com churrasco, lembrar-se-á das iguarias típicas do nordeste. Escutará a música gauchesca e certamente preferirá as músicas regionais de sua terra. Adaptou-se, mas não mudou os conceitos.
     É exatamente esta a questão. O ser humano muda apenas em aparência, mas os costumes, as tradições, os conceitos permanecem os mesmos e somente com muitas dores são mudados.
     Através da história, percebemos que o gênero humano errou muito mais por não se atualizar em seus conceitos do que propriamente por falta de oportunidades e circunstâncias de progresso.
     Foi assim que Moisés estabeleceu princípios civis oportunos diante das circunstâncias e quando Jesus veio melhorá-los, séculos depois, sofreu todo o peso do enraizamento restrito da letra por não compreenderem o sentido expansivo da palavra.
     Igualmente com Copérnico ao explicar que a Terra não é o centro do universo ou Galileu ao afirmar que ela gira.
     É como diz o provérbio atribuído a Einstein: É mais fácil desintegrar um átomo do que mudar um preconceito.
     Em nome das tradições, quantos crimes não foram cometidos?... Basta lembrar da exterminação que Moisés determinou contra os povos nativos das terras de Canaã; os cristãos nas arenas romanas; os turcos, os católicos e as cruzadas; os dias negros da inquisição; a noite de São Bartolomeu e mais recentemente - provando que apesar de todo o avanço científico, filosófico e tecnológico não houve mudança de conceitos - os campos de extermínio na Alemanha.
     "Um navio francês entrava um navio inglês no porto de Santos". Qual o sentido desta frase?...
     Muitas vezes, apegamo-nos a uma maneira equivocada de raciocinar e estabelecemos conceitos rígidos, sem atinar que a lógica da verdade não segue um padrão comum. Determinamos horizontes mentais restritos como se tivéssemos medo de mudar, de ver o que há além, de usar toda a capacidade da máquina orgânica. Julgamos que nossos conceitos, nossas verdades, formam nossa maior riqueza. Talvez seja. Mas qual a importância desta riqueza quando provoca escravidão? Toda riqueza represada, guardada, de nada serve. Temos medo do vazio que poderia ficar se anulássemos todos os conceitos inúteis que infestam nosso consciente e inconsciente. Mudar seria admitir o tempo perdido, que envelhecemos acumulando fatores que nada significam. Por isso, quanto mais idade tem uma pessoa, mais difícil de mudar os seus conceitos, por mais absurdos e errados que sejam.
     Voltando à frase, a palavra "entrava" refere-se ao verbo "entravar" e não ao verbo "entrar". Ou seja, um navio francês bloqueava um navio inglês, impedindo-o de entrar no porto.
     Em outro exemplo, antes da informática, nos estabelecimentos bancários, todos os chefes eram pessoas com mais de trinta anos. Hoje a idade varia entre vinte aos vinte e cinco anos. Por outro lado, naquela época tudo era feito manualmente. Hoje o computador trabalha. Será que os antigos não tinham capacidade para lidar com o computador?... Será que os jovens atuais são melhores do que os antigos?...  Pois afirmo com certeza que os antigos além de mais capacitados ainda tinham a experiência. Entretanto, também traziam os conceitos dos sistemas antigos, das formas ultrapassadas. As mudanças vieram e eles tentaram adaptar-se quanto à prática, mas na mente guardaram uma infinidade de regras e procedimentos obsoletos. Houve a resistência. Os jovens vieram, com a mente aberta, acreditaram nas mudanças e ocuparam os lugares dos clássicos senhores de conceitos rígidos.
     Isto acontece em todos os sentidos da vida. Em todos os lugares. É preciso aprender a mudar. Questionar as razões e importância dos conceitos que herdamos dos pais, dos professores, da sociedade, das religiões, dos instrutores, dos líderes, etc.
     Tudo que restringe e impede o ser humano de crescer mentalmente, de aprender e evoluir, de mudar, são conceitos desnecessários e devem ser esquecidos.
     Quem teme as mudanças mostra por si mesmo que não tem convicção daquilo que acredita como certo. Por outro lado, quem conhece a verdade não precisa recear novos ensinamentos, pois a verdade é um círculo em espiral perfeito e em nada pode se contradizer; entretanto, sempre surgem novas camadas na sequência e se a lógica e a razão diz que faz sentido, por que duvidar? 


José Nunes Sobrinho
Campo Grande - MS
Diário do Interior - 10/01/1995

MEIO AMBIENTE



     Hoje de manhã, através da imaginação, caminhei pelos verdes e floridos campos, onde a natureza pinta em traços simples e nítidos, todo o magistral encanto da vida.
     Pequeninos pássaros saudavam a luz do sol com cantos melodiosos de gratidão, paz e amor.
     Meio sonolento, percorri os campos, onde os animais ariscamente fugiam assustados como se estivessem diante de um representante da pior espécie entre os predadores.
     Feito último desperto em toda a criação de Deus, abri os olhos e surpreso constatei que o trabalho há muito começara para algumas diminutas formigas, que desde o crepúsculo, carregavam uma enorme folha, infinitamente maior do que elas!
     Descalço, a cada passo, os dardos afiados das areias, desconhecidos ao meu tato, feriam-me bravamente os pés como se defendessem a pátria amada. Em bramos perceptíveis apenas no reino animal, elas diziam:
  – O que queres em nosso meio, Oh Bicho Homem?...
  – Vai-te daqui!...
     Envergonhado pela própria hereditariedade humana, deixei o orgulho e a vaidade, e indigno que era de permanecer marcando aquela terra imaculada, passei a caminhar pelo leito de um riacho, nas proximidades.
     Mesmo ali, as águas cristalinas, límpidas como deveriam ser nossas almas, em ondulações meigas e educadas, pareciam gentilmente dizer:
  – Moço!... O senhor está barrando nossa passagem. Queira retirar-se do nosso meio, por favor!...
     Altivo e estúpido tentei ignorar aquele pedido tão gentil, por abuso da qualidade de suposto rei da criação, mas fui forçado pelos raios do sol a baixar a altivez do olhar e contemplá-las.
     E nelas, vi os pequeninos peixes que fugiam desesperados, como se temessem uma morte de forma desastrosa e sanguinária...
     Não pude deixar de Lembrar da humanidade.
     Tantos estudos, tantas pesquisas, invenções, descobertas, filosofias, religiões e, no entanto, está bem abaixo do comportamento vivencial recíproco dos animais.
     Recuei a imaginação para longe daquele ambiente, pois certamente não era o lugar para um representante da espécie humana.

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     Neste momento, sinto a brisa da noite carinhosamente acariciar o meu rosto, através do sereno, e a lua ofusca-me levemente os olhos, enquanto as estrelas cintilam, deixando-me distante, ausente, mínimo, pobre animal racional que se diz civilizado, perdido entre os demais.

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     A conservação do meio ambiente não depende de cuidar da preservação da natureza, como pretendem alguns dos movimentos ecológicos. Afinal, ela já tem os seus próprios meios de se cuidar.
     Não adianta combater o efeito quando sabemos que a causa é o próprio homem. Precisamos aprender a viver em harmonia com as demais formas de vida que habitam o planeta.
     Viver não significa destruir desnecessariamente a natureza, na suposta luta pela sobrevivência. Sobretudo, na agressão gratuita contra os pássaros e animais.
     Tudo o que vive merece respeito. Quem não respeita a vida demonstra o quanto é carente de qualidades positivas.
     No ritmo em que seguimos, não levará muito tempo para desencadear um processo de saturação, ao ponto de gerar um desequilíbrio no processo de purificação atmosférico do planeta, terminando por impossibilitar as chuvas e, por conseguinte, a renovação do ar oxigenado e de novas águas...
     Sem a natureza, a Terra será um árido deserto e o homem deixará de existir, ao menos em sua forma física.



      José Nunes Sobrinho
      Naviraí - MS
      Diário do Interior - 27/06/1985

Observação: Esta postagem foi editada pelo Jornal Diário do Interior em junho de 1985 e foi a minha primeira publicação. Todavia, foi escrita um ano antes, quando com ela ganhei o primeiro lugar em um Concurso de Crônicas, com candidatos de todas as séries do 2º Grau de Naviraí MS.