Na
ciência, mais propriamente na física, tem uma lei que Diz: "Dois corpos
não podem ocupar, ao mesmo tempo, um mesmo lugar no espaço".
Por
conseguinte, cada pessoa ocupa um espaço único, dentro da sociedade, na família
e no trabalho.
E ocupar
um lugar no espaço, seja na sociedade, em família, na escola ou no ambiente de
trabalho, significa desempenhar funções, executar tarefas, estar fisicamente
presente. Pode até ser que alguém faça falta em uma eventual ausência ou talvez
o desempenho normal dos demais venha a ser prejudicado pela falta de uma
determinada pessoa, pois algumas tarefas são essenciais para a sociedade. Entretanto,
apenas pelas atividades. A pessoa em si, por exemplo, no trabalho, pode ser
perfeitamente substituída por uma outra que faça os mesmos serviços.
Estabelecer este princípio é importante para que tenhamos conhecimento
da limitação do nosso valor físico, pois podemos perfeitamente ser
substituídos, até porque é uma lei da natureza.
Entretanto, além do espaço físico, também ocupamos aquilo que podemos
convencionar chamar de espaço conceitual. Ou seja, além de estarmos presentes,
apresentamos qualidades que nos diferem dos demais; temos iniciativas,
resolvemos problemas que outros podem não conseguir solucionar, apresentamos
inteligência, liderança, sentimentos, amizade, capacidade administrativa e
social, etc. e etc. Enfim, nossa atuação determina um espaço conceitual de
influência. Por ele, estabelecemos um valor maior, fazendo com que nossa
participação em cada atividade da vida assuma um toque único, tornando-nos
insubstituíveis neste sentido. Outros podem fazer o mesmo serviço, mas não conseguiriam
dar o mesmo toque de personalidade que nos for característico. Não existe
limite para o espaço conceitual. Podemos crescer por todos os horizontes
imagináveis.
Por isso
é importante não apenas executar serviços ou exercer uma função, mesmo que seja
um cargo de chefia ou liderança; mas sim encontrar, estabelecer e preencher
este espaço conceitual. Através dele, jamais seremos substituídos ou
esquecidos.
Todavia,
ainda existe um terceiro espaço, além do físico e do conceitual, que nos qualifica
como únicos não apenas dentro de uma determinada esfera de atuação, mas por
toda a vida e em todo o mundo. Chama-se atuação moral. É uma sequência do
espaço conceitual. Através da moral, estabelecemos um padrão único e produzimos
exemplos que por si mesmos se perpetuam. A moral cria um vínculo de respeito e
semeia seguidores, mesmo depois da morte ou ausência física. Além de ocupar um espaço físico, devemos usar
a nossa presença para estabelecer um espaço conceitual e, sobretudo, moral.
José Nunes Sobrinho
Campo Grande - MS
Diário do Interior - 20/03/1995